Eleições FPAK: Mais do mesmo...

Mais do Mesmo

Sabemos que muitos dos nossos seguidores não seguem de perto o panorama Nacional de competições, gostam de automóveis e de competição, sim, mas de uma forma mais informal. Mas também sabemos que muitos seguem bem de perto os "in´s and out´s" dos ralis e da velocidade, e para muitos ou para poucos, decidimos dar a nossa visão sobre as próximas eleições da FPAK, e que podem ou não alterar a nossa realidade desportiva.

Sejamos honestos, Portugal a nível de provas internacionais é uma referência, muito graças aos nossos adeptos, seguido do nosso clima, paisagens e por fim a nossa hospitalidade e organização.

Então porque é que raio é que as nossas provas nacionais são medíocres?!

E digo isto com todo o respeito pelos organizadores, cronometristas, marshalls e restantes equipas que lutam arduamente para pôr de pé provas de Norte a Sul.

A resposta é simples, porque somos mal geridos.

Temos muita gente a gerir o Desporto Automóvel Nacional que não têm noções de nada.... Sabem os protocolos todos, mas falta-lhes o bom senso e experiencial no terreno para saber o que está a fazer. Essa é a única explicação possível.

Temos um parque com carros de topo, mas de dezenas desses carros só meia dúzia são conduzidos por gente que merece ser chamada de piloto.

Nós muito provavelmente não iríamos fazer melhor figura, mas isto é como dançar: até quem só fica sentado a olhar sabe distinguir os bons dos maus dançarinos...

Muitos são gente com posses que tem mais material que unhas. E organizam campeonatos à volta desta gente, fazendo-lhes as vontades a nível regulamentar. Quem sofre é quem tem menos posses, mas provavelmente muito mais talento e paixão pelo desporto...

Dai não termos campeonatos que atraiam naturalmente as marcas e os patrocinadores nem a imprensa generalista. Fazemos campeonatos a imitar o de países com mercados maiores, a nível automóvel seja a nível global, em vez de copiar campeonatos de países da nossa dimensão. Esquecem-se que os fãs têm Motors TV e Internet para ver o que se faz lá fora e ter isso como ponto de comparação, fora quem viaja e vê pelos próprios olhos.

A FPAK têm de acordar para a vida.

Muitos andam a enriquecer à custa do desporto motorizado. Muitos andam a fazer-se á vida para enriquecerem também. E quem sofre é o desporto e os seus praticantes.

Os custos de inscrições estão a afugentar muitos pilotos e equipas. Muitos excelentes carros de competição estão a ganhar pó em garagens por este País fora, muitos talentos estão nas bancadas em vez de estarem nas pistas e nos troços, porque os preços praticados são altíssimos. Ir correr lá fora, com orçamentos pouco ou nada idênticos com mais retorno mediático torna-se quase a opção mais sensata do que correr dentro do próprio País.

Isto é inadmissível.

E isto é exacerbado pelas novas medidas de segurança que pecam pelo excesso de zelo e custos elevados. Não dêem justificações de meia-tigela. Sim, deve de haver medidas para proteger a vida de todos, mas nada bate a melhor de todas: ficar em casa.

Os acidentes mortais que ocorreram nos últimos tempos poderiam ocorrer a qualquer um, independentemente das regras de segurança impostas. Desporto Motorizado é inerentemente perigoso. Deixem de viver em mundos de ilusões. O piloto de Formula 1 Jules Bianchi morreu dentro de um dos mais seguros carros de competição do mundo, dentro de um dos traçados mais seguros do Mundo, num campeonato que lidera e serve de referência a todas as outras competições, por isso podem vir com os excessos de zelo que quiserem, no entanto a verdade e que vão acontecer acidentes é inevitável .

Onde é que o extintor automático ou Hans e roupa interior à prova de fogo vai servir em um Uno FEUP ou um Marbelha de 50cv? O custo desse equipamento é mais do que o próprio carro!!! E muito desse equipamento têm para mais data de validade!

A única coisa que faz é afugentar pilotos e possíveis pilotos da modalidade. Sabem para onde essa gente vai? Vai para o "street-racing" onde nem um roll-bar há. Espero que a FPAK ao implementar essas medidas de segurança e os seus custos estejam contentes na quantidade de pessoas que vão morrer nas estradas, pois alguém foi descarregar a adrenalina da velocidade na via pública em vez de um circuito ou troço fechado...

Mas pronto, como disse alguém de relevo sobre o desporto motorizado em Portugal "isto é para quem pode, não para quem quer"...

Há agora 3 candidatos à presidência da FPAK, mas num mudança que ninguém previa, tornaram-se só duas, com o actual presidente e Mex Machado a unirem-se. As 3 partilham uma coisa em comum: ninguém diz nada em concreto. Os pilotos não têm poder de voto nestas eleições, somente os clubes, e esses estão a surgir por todo o lado agora. Os pilotos e adeptos querem respostas em concreto, e ninguém diz nada. Nós fizemos uma lista de questões em que educadamente abordamos os tópicos que neste texto falamos e ninguém deu resposta. Sabemos que outras publicações com mais peso no panorama do desporto nacional fizeram questão dentro deste tema, e também ficaram sem resposta.

Só ouvimos que é para "continuar", "evoluir", "melhorar" e outras palavras ocas e sem conteúdo. Sabemos sim é que com os seus eleitores, coisas concretas devem de estar a ser ditas, nós é que não sabemos.

A minha opinião honesta? Romper com a FPAK.

Noutros países há a co-existência de outras federações dentro do desporto automóvel. Não pudemos andar sempre limitados por uma organização de "velhos de restelo" a ganhar mofo, com as politicas de sempre, em que muda os protagonistas e mantém-se o mesmo enredo. Não há nada a discutir. Há anos que se sabe quais são os males que afectam o nosso desporto. E toda a gente sabe quais são as soluções. Ninguém as quer é por em práctica. Tanto com a FPAK como com outras organizações no nosso País temos de romper com a cultura do "quero, posso e mando" de decidir as coisas à porta fechada, com a altivez digna do tempo do Estado Novo em que não há diálogo aberto, claro e frontal.

É tempo de a FPAK mudar, ou as pessoas mudam-se sem a FPAK. Eles não mandam na paixão que cada um de nós têm pelos automóveis e pela competição e se eles querem servir de entrave em vez de plataforma para evoluir, e nisto digo evoluir TODOS, não só os filhinhos dos amigos e de posses, ou os empresáriozecos que gostam de brincar aos pópós, mas todos os que querem competir, tenham posses para um Lancer Evo X ou tenham de correr com um Clio I RTI em 4ª mão, desde que o carro esteja em condições de competir adequadamente, devem de ser-lhes abertas as portas e promovido o TALENTO e não o DINHEIRO de quem quer correr. O Mundo e as mentalidade que estão ai a surgir não vão estar à espera que os dirigentes acordem...

Rúben Teixeira, no Vício dos Carros

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