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Queres mesmo comprar um Novo???

Helder Teixeira, Gonçalo Sampaio, Ruben Teixeira
21 de nov. de 2016
9 min de leitura

O mercado automóvel português é liderado pelo segmento dos familiares, ou seja, os segmentos B e C, e no caso concreto pelo Clio e pelo Megane. Ora para alem de a Renault liderar as vendas, nada de novo, em Portugal por norma o carro de família é o segundo grande investimento das famílias de Portugal.

Esta semana decidi propor um desafio ao Gonçalo e ao Rúben, com um budget de 20 mil euros (preço médio tendo em conta os lideres de vendas novos) quais eram os familiares que comprávamos?!?

Portanto as regras são estas:

Deve ter o primeiro registo até ao ano 2000, portanto menos de 16 anos
Deve poder transportar no mínimo quatro pessoas
Não podemos estourar o budget de 20 mil euros
Só podem ser consideradas opções há venda em Portugal

Vamos então virar as nossas atenções para os pc's e fazer uma lista de 3 opções aos novos mais vendidos, tendo em conta o nosso ponto de vista…. Tendo em conta a quantidade de madness existente aqui na redacção os resultados prometem ser excelentes.

Portanto vamos começar por mim as minhas três opções.

Hélder Teixeira:

A sensata.

Se forem pessoas sensatas daquelas que um carro com mais de 10 anos só serve para a sucata esta opção é para vocês. Eu sou da opinião de que a evolução dos carros deveria ter parado no final dos anos 90 inicio dos 00, no entanto reconheço que nos últimos anos existem alguns carros que me agradam, não são a minha cena, mas são bons carros.

Esta minha primeira pesquisa teve em conta mesmo isso. Os critérios foram ter no máximo 10 anos, ter poucos quilómetros por ano, e bom estado aparente, com níveis de conforto elevados e bons consumos. Ou seja, aquele carro em que investes com o objectivo de estar tudo em ordem e ser recente.

A minha escolha recaiu sobre um Lexus GS 450, um pouco abaixo do budget inicial.

Tratasse de v6 híbrido, com 345 cv, e mais importante Rwd. É certamente mais confortável que qualquer um dos novos que lhe estamos a comparar, potencia também não falta 345 meninos cumprem o trabalho, e tem a vantagem de ser híbrido. Dentro leque de opções existentes esta parece-me a mais sensata, por duas ordem de razoes e um Lexus, logo a qualidade de construção é bullet proof e também é híbrido pelo que é uma boa opção aos diesel existentes no mercado. Tem, no entanto, defeitos como todos, em primeiro lugar demasiada tecnologia para o meu gosto, e depois tem caixa automática. Contudo tendo em conta que esta minha escolha tem como parâmetro ser um carro recente tanto a electrónica\engenhocas como a caixa automática dominam o mercado.

The Grand Coupe

Se para vocês um familiar não implicar obrigatoriamente ter 4\5 portas, ter um Grand Coupe pode ser uma boa opção.

Na verdade este tipo de carros consegue juntar o bom de dois mundos, por um lado o aspecto de coupé de 2 portas, o que é sempre um plus, e por outro lado a capacidade de transportar uma família mais a bagagem.

E neste caso a escolha para mim foi um “no brainer” o Mercedes Cl 500, eu simplesmente adoro este carro e ver que existe uma quantidade deles há venda no mercado faz-me pensar… mas adiante, é um excelente coupé com 4 lugares verdadeiros que há custa da redução de algum do espaço interior consegue ser um coupé com umas linhas de fazer parar o transito.

Sim é um V8 alemão, no entanto em estrada os consumos não são nada de extraordinário rondam os 11 litros aos 100km, e podem sempre converter para GPL.

Se esta fosse a vossa opção poderiam contar com cerca de 3 mil euros no vosso bolso para ir dar umas voltinhas, porque o preço médio destes meninos ronda os 17 mil euros.

A minha escolha

Nesta eu sou suspeito, muito suspeito…

É um facto que eu sou um fã de italianos, e é também um facto adoro um carro modificado pelo que comprar um carro low budget e alterar a gosto, para mim e sempre uma opção.

Neste campo a minha escolha recaiu sobre um carro da minha marca de eleição, o Alfa Romeo 166 3.0 V6.

Para alem de ser um excelente familiar este modelo tem como preço médio os 4500 euros dependendo da versão, no caso especifico por ser o 3.0 é um pouco mais caro. Mas o som do V6 e os cv extra valem bem a pena, e para alem do mais, o preço. Um carro com bastante luxo italiano, com um V6 do “Carvalho” fica por 1\4 do valor que tínhamos de budget, sim 1\4.

O que quer dizer que sobra imenso para poder fazer o que quiser ao bicho. No meu caso particular optava por more power, e tudo o que tenho direito…

Assim logo de entrada a minha opção seria por umas fast cams, polies ajustáveis, e depois uns itb’s ou injetores maiores, a isto deveremos adicionar uns colectores e linha de escape há Homem, ou seja, a fazer uma sinfonia e não o ruído habitual. Para assegurar uma boa chegada de potencia as rodas a opção seria um kit de embraiagem de competição com volante de motor aligeirado.

Travagem e suspensões neste alfa já de si são bastante boas, no entanto existe sempre margem de manobra pelo que uns discos e pastilhas são sempre opções a considerar, na suspensão ou trabalhar as molas ou optar por molas de rebaixamento, mas sempre sem exageros o 166 já e um carro baixo. Todo o material esta disponível on line, assim como outros kits que permitem ate cobiçar o V6 ate uns fantásticos 3.8 litros.

Mas tendo em conta budget, os extras que escolhi já fazem do 166 um brinquedo bastante aceitável, e tendo em conta os 220 cv iniciais e os já de si bastante aceitáveis 75 cv por litro, considero que com um investimento em peças de cerca de 10.000 euros consigamos colocar o V6 realmente a cantar. O que me deixa a pensar bastante, porque mesmo com todo este investimento podemos ter um V6 Alfa Romeo, recente e profundamente alterado por uma fracção do preço de um novo do segmento inferior.

Gonçalo Sampaio:

E este é o momento em que o Hélder me passa o microfone para eu mandar as minhas bojardas. E em boa hora o fez, porque acho que nunca tive tanta vontade de atacar o mercado dos carros novos como agora. Poucas são as marcas que ainda se podem considerar "dignas" ou "nobres", mas havia uma que o era, até esta semana. Com o lançamento do SUV Stelvio a Alfa Romeo entregou-se à vulgaridade e desfez a minha fé no futuro dos carros, por isso também não sinto remorsos ao deixá-la de fora deste top. Outra facada foi a Renault cancelar o Clio RS 16. E esta parafernália toda à volta dos carros eléctricos e autónomos e tudo mais... dá-me uma volta ao estômago. Mas vamos ao que interessa.

À partida eu diria que escolher um carro usado com um orçamento de 20.000€ seria uma tarefa facílima, mas bater um Mégane ou um Golf no jogo deles não é assim tão simples como isso. É preciso ter vários factores em conta, como a manutenção, a fiabilidade, os consumos, a praticabilidade, e os próprios preços. Portanto, não será surpresa nenhuma ver que eu ignorei tudo isso e escolhi estes três:

BMW E39 M5

Logo para tirar o melhor do caminho. Este carro é perfeito em todos os sentidos, tem tracção traseira, caixa manual, um V8 à frente, 4 portas e uma mala grande. Não falha em nada, mas o que o distingue mesmo de outros carros com as mesmas características que ele é o nível de qualidade geral que emana e com que é feito.

E qualquer pessoa que tenha conduzido um mero 520 pode corroborar esta afirmação. Com preços a começarem nos 15.000€, é quase ridículo não ter este carro se tivermos 20 mil broas para gastar. Presumindo que alguém nos daria um euro por broa, que dão. Vou começar a fazer broas.

Honda S2000

O melhor roadster de sempre, o melhor motor de dois litros de sempre, feito por uma das marcas mais competentes de sempre, na sua melhor época. Afirmações apenas discutíveis por quem gostar de estar errado. Até quem não gosta de descapotáveis curte este carro, não vale a pena inventar.

Têm 20.000€? Comprem um S2000, sobra muito troco para gasolina e ainda tem a vantagem de pagar um imposto mais humano do que o M5. Não cumpre a regra de transportar 4 passageiros, mas acham mesmo que uma regrazita de nada ia impedir-me de não sugerir o Honda S2000?!...

Subaru Impreza WRX

Sim, um Impreza WRX posterior a 2000 já se arranja por este preço. É um sedan civilizado com um motor boxer que respira por um turbo e gosta de brincar na lama. Com jantes douradas. Se o Impreza fosse uma mulher, era uma executiva a entrar nos trintas, com umas mamas e um rabo fenomenais, que por baixo do fato usa lingerie e tem tatuagens. E adora sexo, por vezes com outras mulheres. Neste caso a outra mulher seria o Mitsubishi Lancer Evo, que só não consta desta lista pelo seu preço astronómico. E toda a gente já viu como se comportam quando se juntam. Claramente há ali uma ligação marota. Portanto sim, Subaru, um carro que gosta de andar de 4.

Rúben Teixeira

Bem, a minha lista já está estragada pois o Gonçalo começou primeiro e escolheu logo o BMW E39 M5.

Pronto, é isso. Podia ter dito Cadillac Alante, ou Chrysler LeBaron ou outra charutisse qualquer que ele curte, mas não. Foi logo para o mais fixe de todas as opções possíveis...

Então para ir ganhando tempo decidi começar da última opção para a primeira, por isso começo pelo Alfa Romeo 156.

Da equipa de 4/5 pessoas do Vício dos Carros, sou talvez o menos Alfista, apesar de ter um 75, não chego ao nível do Gonçalo ou Hélder. Há Alfa Romeo’s que muitos adoram e a mim passam me ao lado, por exemplo os Spider.

Há Alfa Romeo’s que são considerados fantásticos só porque são Alfa Romeo.

O 156 seria fantástico tivesse sido feito pela Renault, Ford, Rover, Dácia, Kia, Chrysler ou mesmo uma daquelas marcas chinesas.... É assim tão bom.

O design é fantástico e é ainda dos mais belos 4 portas concebidos para produção em série. É muito bom dinamicamente, com elevados níveis de aderência, os motores dão, dependendo da versão, boas performances e têm garra. O interior é em larga parte bem concebido e com bom design e algum luxo… Mas alem disto tudo tem uma coisa que não é comum nos Alfa: Fiabilidade.

Eu sou testemunha da pancada diária que o Gonçalo dá aos seus. Ele puxa e abusa dos seus carros. Os 156 nunca deram problemas. Nada de nada. Já vai no segundo e continuam ai de boa saúde. São carros já com 15 anos que não emitem um único chocalhar dentro do carro, ou qualquer tipo de ruído parasita que dê conta da idade dele.

Temos aqui sem dúvida uma opção barata, com boas performances com um design e elegância que irá manter-se actual e sofisticado por muito mais tempo e que com esse tempo que virá, irá valorizar de certeza.

Volvo V70 T5

Robusta, potente e atraente apesar de discreta.

Fora os símbolos atrás, podem estar ao lado de uma num semáforo e julgar que é um simples 2.0 diesel, quando na verdade é uma besta de 5 cilindros turbo com 250cv. E apesar da sua natureza de familiar, ainda ouve-se o roncar "à lá Audi Quattro" quando se prega o acelerador ao fundo. Interior em pele, conforto, espaço, mas nada disso impede de ser um míssil na estrada.

O binário é tanto que já tive numa ocasião de verificar numa se o controlo de tracção estava ligado, pois ela continuava a patinar um pouco em segunda ao arrancar… Com o TC desligado... Meu Deus...

Fiabilidade Volvo é uma certeza, mas o motor requer manutenção atenta, em especial à lubrificação, em particular à cambota. Antes de comprar uma, ver qual foi a manutenção feita ao longo da sua vida e onde foi feita. Fora isso, comprem uma, levem a família toda atrás, e peçam aos miúdos para segurarem bem o cão na altura que forem deixar para trás qualquer desportivozinho que vos tente fazer frente na estrada.

Acho que já notaram que aqui no Vício não somos dos maiores fãs do Grupo VAG.

O meu pai é.

O primeiro carro que conduzi a sério foi uma Audi 80TDI Avant dele. Depois disso ele teve uma A4 1.9TDI Avant. E depois foram VW e Skodas. Mesmo assim não fiquei fã.

Agora 380cv, Tracção às 4 rodas e caixa manual, não há como fugir, a Audi RS4 é fenomenal. Sem grandes problemas a anotar, requer sim manutenção cuidada. O comportamento é de topo, sem ter tanta da subviragem que os Audi, até nas versões RS sofrem. O grande defeito, ou não, é que parece-se com uma antiga Audi A4 Avant B5 antiga para quem não souber o que de facto é.