Rally de Portugal 2016 - Rescaldo Final
- Texto - Rúben Teixeira | Fotos - Pedro Figueiredo
- 30 de mai. de 2016
- 4 min de leitura
Bem, deixamos passar alguns dias sobre o fim da que pudemos apelidar de prova-rainha do desporto automóvel em Portugal para já com o "pó assente" pudermos tirar algumas conclusões sobre o que se passou.

- Ogier e o drama das ordens de partida. Sebastian Ogier tem de se preocupar com ele mesmo, por isso ele têm todo o direito de querer o melhor para si. Que se queixa demais, sim. Às vezes com razão, outras sem. No caso das ordens de partida para os troços em rallies de piso solto (terra, gravilha e neve) a posição em que se faz-se à estrada é vital pois ou andamos a limpar a terra solta da camada de cima e quem vem atrás fica com a camada inferior onde há mais tracção (Nova Zelândia é um exemplo) ou se saímos depois de 3 ou 4 carros o piso já pode estar todo estragado (exemplo: Rally de Gales quando há muita lama) Não há uma solução fácil para este problema. Determinar um parâmetro para definir quem sai antes ou depois de quem é difícil de estabelecer. A nossa opinião? Deixem os WRC2 abrir a estrada e os WRC de topo seguem atrás. A categoria inferior fica com hipóteses de um bom resultado e os pilotos da frente do WRC não podem queixar-se que os seus adversários directos estão com uma vantagem injusta.

- Kris Meeke Pupilo de Colin McRae, sempre demonstrou talento, mas demorou a chegar à categoria de topo e à linha da frente do WRC. Determinado e bom avaliador das situações onde se encontra, foi um digno vencedor da nossa prova e a par de Andreas Mikkelsen e Mats Ostberg, é dos pilotos que queremos que se juntem com mais regularidade à luta directa de cada prova contra Sebastien Ogier.

- Organização, Promoção e Cobertura. O ano passado se recordarem, tínhamos algumas criticas. Este ano a promoção e organização da prova foi exemplar e isto é o consenso de todos incluído do mais céptico observador. O tempo não parecendo ajudou muito, pois a ocasional visita da chuva ajudou a compactar a terra e evitou que houvesse verdadeiras tempestades de pó como nos anos anteriores. Mas houve sol que chegue para ninguém querer ficar em casa. A especial nos Aliados foi muito bem concebida, embora tenha margem para melhorar ainda mais para o ano que vêm. Não houve falhas de segurança apesar do susto do já mediático incêndio que se seguiu depois da saída no mesmo local de Paddon e Tanak que foi resolvido rapidamente. A prova promoveu o País e as localidades que visitou. o Metro do Porto diz que bateu recordes. Até Marcelo Rebelo de Sousa quis aparecer na fotografia! Quando os políticos já se querem colar, é porque a coisa vai muito bem. Até que chegamos à cobertura. A RTP realmente fez uma cobertura à medida da prova, a SIC e a TVI foram dando destaque nos noticiários, a Antena 1 teve uma cobertura extensiva, mas... a qualidade dos comentadores e jornalistas ficam muito, muito a desejar, com lapsos de relevo. Na imprensa escrita, o mal de sempre, cobertura atabalhoada jornalistas ignorantes e nem vale a pena tentar corrigir, porque a incompetência é profunda. Porque é que não nos contratam? Pior de certeza é que não faríamos e saímos mais baratos que essa malta toda...

- Os Portugueses. Miguel Campos foi o melhor português terminando no 5º posto dos WRC2, embora ele próprio seja o primeiro a admitir que poderia ir mais longe. José Pedro Fontes seria outro candidato a melhor português, mas foi forçado a abandonar cedo na prova. Apesar de Campos e Fontes serem dignos representantes portugueses, sentimos a falta de outros pilotos de valor para levar as nossas cores, mas o panorama actual é o que é, e ter Fontes e Campos no Rally de Portugal já é bom. Atrás de Miguel Campos como segundo melhor português ficou o pivot da RTP João Fernando Ramos, não por um andamento de destaque, mas porque os restantes portugueses foram ficando pelo caminho e ele não, pois andando tão devagar era impossível avariar o carro ou bater... Falando em bater, Bernardo Sousa viu-se obrigado a desistir depois de cometer um erro e danificar a suspensão esquerda-traseira quando já tinha quase 40 segundos de vantagem para o 2º classificado no troféu Dmack Fiesta R2, e só lhe bastava gerir o andamento. Para quem não sabe, o troféu Dmack é um campeonato de acesso a jovens promessas para darem os primeiros passos, muitos deles com 20 anos ou menos de idade. O Bernardo Sousa têm 29. Corre à 11 anos. Quando começou muitos dos seus adversários neste rally ainda tinha dentes de leite... Just sayin...
Resumindo: Esta edição de 2016 fica para a história como uma das mais vibrantes e bem sucedidas. E para terminar temos de destacar a cobertura video e fotográfica que mostrou e bem a beleza natural do nosso País, e com imagens espectaculares dos carros em acção como poucos rallies por esse Mundo fora não conseguem igualar. E o que mais uma vez fez o nosso Rally o Melhor foi, sem cair no elogio fácil e de circunstância, o público! Fenomenal. Para o ano há mais.

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