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As Crónicas de um Viciado

  • Gonçalo Sampaio
  • 12 de fev. de 2016
  • 3 min de leitura

Este artigo é sobre um filho da puta. Perdoar-me-ão a rudeza e a brusca introdução, mas esta é a realidade, porque mesmo que eu tente falar deste carro com as melhores intenções, vou-me sempre lembrar de um cabrão que espero que esteja numa sanita de um centro comercial daqueles meios abandonados, depois de fechar, a sofrer de hemorróidas e diarreia sem um único rolo de papel higiénico ou forma de comunicação no raio de um quilómetro.

O carro em questão é o BMW E3, e o filho da meretriz é um otário de primeira que uma vez me disse que ia vender um e, depois de apertarmos as mãos e fecharmos negócio, o vendeu a outra pessoa qualquer.

Não se trata de um caso de lhe ter dado o dinheiro para a mão e ele ter fugido com ele, porque se fosse, eu não estaria a escrever uma crónica, mas sim uma confissão de um crime extremamente bárbaro, que poderia ou não envolver desmembramento e uma bacia de ácido sulfúrico. Trata-se sim de um (suposto) homem que fugiu à palavra. Um merdas, um escroque, um badalhoco que se rasteja por aí na sua própria viscosidade. Um canalha de todos os tamanhos, alguém cuja mãe eu insinuo efectivamente que vendesse o corpo a troco de dinheiro e que, por esse motivo de ser uma autêntica piscina de sémen ambulante, nunca tenha conseguido sequer localizar o pai daquele aborto falhado, que por sua vez nunca levou um par de estalos em criança para se fazer homenzinho. Dito isto, o filho da puta em questão lá se encontrou dono de um BMW E3 2.5, o que no fundo é uma inspiração, porque se um ser humano daquele nível consegue ter acesso a um carro fixe, não há grande coisa que nos impeça a nós, gajos porreiritos e tal, de chegarmos às nossas metas automobilísticas.

E agora que já expus o meu total repúdio por esse indivíduo, vou tentar contextualizar o porquê de ter ficado com tanta raiva de ele não me ter vendido o raio do carro.

Acontece que o BMW E3 é, nada mais, nada menos, do que o primeiro Série 7 da história da marca, na altura chamado de "New Six", referindo-se ao número de cilindros dos novos motores que equipariam estes veículos. Da mesma família era também o E9, o mítico coupé cuja versão 3.0 CSL ficou conhecida como Batmobile, devido aos seus kits aerodinâmicos.

Para alguém que gosta tanto de sedans como eu, o E3 é um "must have" absoluto, a par de veículos como o Jaguar XJ Mk1, o Mercedes-Benz W116, o Alfa Romeo 1750 Berlina, o Cadillac Fleetwood Brougham ou o Lincoln Continental. Fasquia elevada portanto, e aquele ia ser meu.

Faltava-lhe uma pintura nova, só. De resto estava impecável. Para se pôr gasolina nesse carro tem de se baixar a matrícula traseira e o interior é um dos melhores sítios do mundo para se estar sentado. Nunca falta aquela sensação de que vamos accionar um botão secreto que faz duas metralhadoras surgirem na frente do carro, é algo que James Bond podia facilmente ter conduzido. Quem conduziu um, de facto, foi Bob Marley, o que por si só tornaria o carro incrivelmente cool.

Havia quatro versões do motor de 6 cilindros em linha, o 2.5, o 2.8, o 3.0 e o 3.3, mas aquele, apesar de ser um 2.5 de livrete, tinha um motor ligeiramente diferente, porque no lugar dos carburadores tinha injecção electrónica e já estava equipado com uma caixa de 5 velocidades em vez das habituais 4. Estou convencido até hoje de que o negócio que perdi foi de um E3 com mecânica 3.0 de 200 cavalos.

Portanto após uma viagem a Chaves, um garrafão de gasolina que meti do meu bolso para ouvir o carro a trabalhar, e o trabalho de arranjar reboque e sítio para deixar o carro, o gajo deixa de atender o telefone no espaço de menos de uma semana, até decidir responder sabe-se lá quanto tempo depois que já tinha vendido o carro. Assim, sem uma nem duas. Isto já foi há uns dois anos ou mais, mas poucos são os dias em que eu não pense em ir a casa dele enfiar-lhe duas putas naquele focinho. Mas como acredito no karma, nada farei, e vou deixar que o destino se encarregue dele, provavelmente fazendo-o morrer engasgado a praticar sexo oral a outro homem, numa prisão do Quénia. Puta que o pariu.


 
 
 

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