Diário de Bordo AR33
- Hélder Teixeira
- 3 de jan. de 2016
- 3 min de leitura
Com a entrada no novo ano, entramos também como habitualmente no reino das dissertações e objetivos para o ano que se aproxima. Pois bem o meu objetivo principal é completar o meu 33... E depressa que já sinto saudades.

Para aqueles que tem acompanhado o diário de bordo do meu Alfa Romeo 33 já não será novidade verificar que o meu 33 esta em peças, sim ainda esta numa fase em que o trabalho a executar é moroso e extremamente laborioso, ou seja ainda faltaram umas semanas ate realmente estar na fase em que vou começar a montar a besta.

No entanto esta duas ultimas semanas da quadra festiva deram-me a oportunidade de pensar melhor o trabalho que tenho pela frente. E, de ideia em ideia tenho andado a divagar dentro dos meus pensamentos sobre como melhorar o meu “charuto” de forma a aproveitar ao máximo as peças que retirei do AR33 da serie 2 que me foi oferecido. Pois bem, vou passar então a explicar qual será o sentido que vai levar a brincadeira que vou fazer no meu motor. A ideia desde o principio foi manter o orçamento baixo e aproveitar a oportunidade para melhorar da melhor forma possível o meu motor 1.5 boxer, utilizando peças do motor AR 1.3 boxer.

Portanto as cabeças como já sabem são iguais pelo que o maior obstáculo foi ultrapassado, no entanto as touches tem que ser as do 1.5 pois as cames do 1.5 não podem ser adaptadas as touches de pastilha que o 1.3 utilizava, o que se revelou um revés na engenharia que eu queria para provocar um melhor cruzamento de válvulas. Mas sem stress a abertura de válvulas do 1.5 e mais que suficiente, poderia ficar melhor mas implicava muito trabalho desnecessário pelo que foi uma ideia abandonada. Como vou então melhorar a coisa, ora bem se não vamos pelo bang, ou seja a explosão vamos pelo resto o lastro, mais conhecido como peso extra.

Sim grama a grama enche a galinha o papo, e se ha coisa que pode perder muitas gramas é um motor antigo, utilizando conceitos e pequenos truques da velha escola vou no meu motor tentar reduzir ,onde posso, o peso que tem a mais, obtendo assim um melhor desempenho do motor não pela cavalagem, mas sim por onde a cavalagem e distribuída e de que forma e distribuída. Fale-mos então disso, este motor produzido pela Alfa Romeo nos seus modelos de entrada os 33 era um pequeno canhão que utilizava uma arquitetura boxer, com câmara de combustão muito próxima do conceito dos hemi americanos, com câmara de combustão hemisférica.

Neste domínio a vantagem e ter melhor propagação da explosão, obtendo melhor desempenho e uma maior taxa de compressão, que nos modelos stock anda próximo dos 10 para 1. E este ponto é importante, parte do segredo da resposta em aceleração destes motores tem precisamente a ver com isto, são pela altura em que este motor saiu a concorrência era bastante mais conservadora com taxas de compressão menos agressivas.

Outra das constatações que fiz tem precisamente a ver com outro ponto curioso deste motor que se prende com a sua arquitetura interna, este motor e um super-quadrado, ou seja, o diâmetro do pistão é maior que o curso da biela, neste caso 84mm de pistão e curso de 67.2mm. Não é uma diferença muito exagerada mas não deixa de ser um motor em que o curso da biela e sensivelmente 20mm mais curto que o diâmetro do pistão, lá esta, mais uma vez foi favorecido o desempenho em regimes mais altos.
Para os menos entendidos um motor quadrado, o mais usual, é um motor que tem o diâmetro do pistão e o curso de biela bastante próximos se não mesmo iguais, são por norma motores utilizados em citadinos e familiares onde o desempenho e deixado de lado em troca de uma condução mais pachorrenta.
Depois temos os sub quadrados, utilizados em camiões e maioritariamente em motores diesel, onde o diâmetro do pistão e inferior ao curso da biela, neste tipo de construção tem tudo a ver com o torque e potencia em rotações baixas.

E depois existem os super-quadrados, em que dependendo da diferença entre o diâmetro dos pistões e o tamanho da biela transferem o torque para regimes mais altos, atingindo rpm doidas nos F1 e outras coisas onde temos setups que permitem Rpm perto das 15.000 e mais.

Não será o caso do meu Alfa porque basicamente é um carro de estrada, mas esta configuração aliada há configuração da câmara de combustão dão-lhe bastante pulmão em altas rpm, que por sua vez torna este carro bastante divertido de conduzir e que pode ser evoluído no sentido destas características serem ainda melhor aproveitadas, retirando peso em sítios estratégicos...
Para já vou terminar o trabalho que tenho vindo a desenvolver nas cabeças a polir as condutas do ar e alargando a coisa um bocadinho, na próxima semana vou começar a abordar as temáticas do peso de que hoje vos falei, ate lá um abraço e votos de uma boa semana.

Hélder Teixeira, no Vicio dos Carros
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