Ícones do nosso tempo- AMC Javelin

Um V8 americano esta para um viciado em carros como as pipocas estão para o cinema, simplesmente faz parte do nosso imaginário. O barulho produzido, as acelerações orgasmicas, entre outra coisas fazem das mecanicas um verdadeiro vicio. E neste departamento os americanos são aqueles que mais massivamente produziram estes motores, portanto hoje no vicio vamos falar de um americano, mas de um americano diferente. Hoje nos ícones abrimos as portas da garagem ao AMC Javelin.

What a car!!! E quase tudo que tenho a dizer...

Nascido em 68 o Javelin foi a resposta da AMC aos pony cars dos anos 70. O projeto evoluiu a partir de dois concept cars da AMC um deles era um dois lugares o "AMX", e o outro era um de quatro lugares "AMX II". Ambas estas ofertas refletiam a estratégia da empresa para apelar para um mercado orientado para o desempenho.

O Javelin foi construído na plataforma Rambler da AMC somente como um modelo de duas portas hardtop mais arrojado que a concorrência, mais trendy, um pony car a preços acessíveis, disponível também com versões de muito músculo. Apesar da insistência da administração em coisas como bom espaço de mala e espaço nos bancos traseiros o seu criador, Richard Teague conseguiu dotar o Javelin com o que ele chamou o look t-shirt molhada. Ou seja em comparação com o mustang, cuja a imagem é uma modelo de passerelle, a.k.a uma fisga, o javelin era voluptuoso, era aquela babe da praia que nos tira completamente do serio...

Todos este atributos são fantásticos mas em que e que isto se traduz no carro? Bem era mais curto que o normal, em comparação com outros modelos da época, e nas versões com go package digamos que trazia muitos mimos de serie. As mecânicas variavam entre os 6 em linha, que não interessam para nada, e os v8 que variavam em cilindrada entre os 4.1 e os 6.4. as mais interessantes eram sem duvidas as versões AMC com o “Go package” e os AMX, uma versão encurtada de apenas dois lugares, e um V8 de topo o AMX 390.

Nas versões Go package digamos que o carro recebe um tratamento de atleta de competição. Deste pacote faziam parte o carburador de quatro corpos, travões dianteiros de disco, suspensão aprimorada, escape duplo com saídas cromadas, e era montado com jantes "Magnum 500" cromadas, tudo isto num V8, 5.6 com 280cv, fraquinho....

Um Javelin destes poderia acelerar de 0 aos 100 em 8 segundos, tinha uma velocidade máxima próxima dos 193 km/h, e poderia correr um quarto de milha em 15,4 segundos. Este era o maior motor em produção no primeiro ano, o que quer dizer que desde o inicio o carro era perigosamente rápido. Em meados de 1968, o novo AMX 390, 6,4 Litros, foi oferecido como uma opção "Go" com uma transmissão automática ou manual de quatro velocidades montada no chão.

Era um bruto, 315 meninos e 576 N.m de torque enviavam o Javelin de zero aos 100 na ordem dos 7 segundos, impressive..

Mas eu aprecio este modelo não só pelas linhas e pela sua mecânica, mas também pelo que levou há sua evolução, ao contrario da maioria o javelin foi buscar o seu pedigree a competição em pistas que não andavam só para a frente, e muito menos viravam só para um lado. O javelin foi dos poucos pony cars que foi buscar o conhecimento aos campeonatos de trans am.

Nesta primeira versao, em 69, na sua segunda participaçao terminam em terceiro e batem um record por serem a única equipa a acabar todas as corridas em que se inscreveu, e isto diz alguma coisa sobre a sua confiabilidade.

71 viu nascer a segunda versão do Javelin, uma progressão natural para este modelo. Com o re-stlyling o javelin ganha um spoiler integrado no tejadilho e ganha músculo, neste caso através da adopçao de guarda lamas mais largos inspirados nas primeiras versões de competição. A AMC ofereceu uma vasta gamas de motores onde se destaca V8 de 6.6 litros, com carburador de 4 corpos, com taxa de compressão alta, cambota e bielas de aço forjado, projetado para atingir as 8000 rpm, o que me parece bastante simpático.

A partir de 1971, o AMX já não está disponível como uma versão de dois lugares, evoluiu para uma edição de alto desempenho do Javelin. O novo Javelin-AMX incorporou várias modificações de corrida e AMC anunciou este modelo como "a coisa mais próxima que você pode comprar de um campeão Trans-Am."

O carro tinha uma tela de malha de aço inoxidável sobre a abertura da grelha, spoilers dianteiro e traseiro para aumentar a eficácia em alta velocidade. O upgrade "Go Package" incluiu a escolha de um motor de 5.9 ou 6.6 litros, com 220 ou 255 meninos respetivamente, com o celebre carburador de 4 corpos, pacotes de upgrade para a suspensão, diferencial de deslizamento limitado "Twin-Grip", melhor refrigeração, travões de disco e um painel traseiro com farolins escurecidos.

Se o primeiro era bom a restyling era na minha opinião muito melhor e verdadeiramente inspirado na competição, desde o ronco do motor ate aos pacotes de desempenho tudo neste carro era pensado na trans am, onde este modelo atingiu o sucesso em 75, 76 e 78 provando ser um pony car de uma espécie mais requintada.

Dois factos curiosos deste modelo, um deles e ter sido um dos carros da policia do alabana nos states....

O segundo dos factos curiosos deste modelo e que será dos poucos modelos de carro que conheço que se pode dar ao luxo de ter um interior inspirado e como selo de aprovação de Pierre Cardin, how cool is that.

Mas para alem de todas as versões e historial o javelin foi descontinuado em 74. O mercado tinha mudado e as exigencias da altura eram diferentes, para o Javelin ser viável em 75 teria de ser profundamente reformulado e a AMC decidiu investir num outro modelo, um modelo novo o AMC Matador.

Este Javelin era de facto um carro diferente, um pony car pensado como um pro touring, ao contrario do habitual andar para a frente depressa e em linha recta. e na minha opinião este é a diferença entre o Javelin a a restante concorrência era simplesmente uma raça diferente....

Helder Teixeira, no Vicio dos Carros