Ícones do nosso tempo- Renault 5 turbo
- Helder Teixeira
- 9 de nov. de 2015
- 4 min de leitura
Hoje nos ícones virei-me para França para falar de caracóis, não dos caracóis cozinhados como é óbvio, mas sim de uns pocket rockets nos anos 80 que deram origem a uma linhagem que nos dias de hoje são umas verdadeiras raridades, hoje nos íconesdo nosso tempo vamos conhecer a linhagem dos Renault 5 com caracóis de fazer andar depressa, os R5 Alpine turbo e o seu sucessor o Gt turbo.

Em França nos anos 70, enquanto o R8 e R12 Gordini já eram quase uma memória, a Renault estava em alerta máximo devido há chegada de um carro, que estava na autoestrada do sucesso ... o VW Golf GTI.
Mesmo em França, quase um crime contra o orgulho francês, o alemão é um sucesso! A réplica é imediata, a arma o R5. Estrela de vendas desde 1972, o Renault 5, foi o modelo escolhido para o contra ataque, primeiro como o R5 Alpine em 1976, e depois o digno sucessor o R5 Alpine turbo. Pelo meio a Renault criou também o maxi turbo, um monstro que deu origem a um dos mais icónicos carros de grupo b de sempre, mas isso e outra historia. Estávamos em 1982, e o contexto é importante, aliás, foi nessa época que os motores turbo ganharam os seus títulos de nobreza. Depois de várias temporadas de desenvolvimento a Renault e os seus turbos dominaram o mundo da F1. Para celebrar este sucesso, o R5 Alpine muda de nome para Renault 5 Alpine Turbo e consigo nasce uma linhagem que perdurou pelas duas gerações deste popular modelo francês.

O motor é um 1400 turbo alimentado por carburador e cabeça de duas válvulas por cilindro com 110cv, o mesmo poder de fogo que o Golf GTI, e uns bastante razoáveis 145 N.m de torque. No entanto o segredo não esta só no motor, devido ao seu baixo peso (870 kg) e chassis de vanguarda, o carro é muito eficaz em pista onde o seu comportamento é deveras provocador. Tem a capacidade de nos fazer ter um grande sorriso nos lábios e uma enorme vontade de andar cada vez mais depressa. Desta mistura de potencia e baixo peso resultou uma velocidade máxima de 187 km\h e aceleração dos 0 aos 100 km\h em cerca de 9 segundos.

Concebido com a performance em vista o interior do R5 Alpine turbo é bastante mínimo, o interesse dos seus designers foi focado na sua vocação puramente desportiva. Assim, as opções eram limitadas a vidros elétricos, a pintura metalizada e os pneus Pirelli P6. Só em 1983 é que o carro é equipado com um para-brisas intermitente, e passa a oferecer uma direção hidráulica opcional. Claramente, as mudanças são mais do que tímidas, a maioria da atenção era focada no troféu de Renault 5 Turbo Elf, um evento fantástico, onde mais de cem concorrentes competiam em corridas ferozes e particularmente espetaculares. Entre eles, um jovem novato promissor ... Jean Alesi.


No início, tudo parecia se reuniram para o modelo continuar fluindo por longos períodos felizes nas mãos dos pilotos mais apaixonados. No entanto em 84, passados apenas três anos do inicio da sua construção, a Alpine deixou de fabricar o modelo para passar o testemunho a Renault com o nascimento do R5 Gt Turbo.

Este modelo nasce da necessidade de evolução que a Renault sentiu com o aparecimento do mais moderno Peugeot 205 Gti, e para lançar o contra-ataque a Renault redesenhou a gama 5, com esta nova versão nasceu uma das estrelas maiores no que toca a desportivos do povo e um muito digno sucessor do Alpine turbo, o GT Turbo.


O Gt Turbo foi lançado em 85 como o modelo mais desportivo da nova gama 5, este novo hot hatch de tração frontal tinha por base o novo R5 ou super cinco, como lhe queiram chamar. No entanto para a parte propulsora a Renault optou por ir buscar um motor pouco moderno mas com provas dadas, o motor Cléon de 8 válvulas, com 1397 de cilindrada, ao qual foi adaptado um turbo Garret T2. Este setup permitiu a este pocket rocket ter nada mais, nada menos que 115 cv, na phase1, para um peso de 850 Kg, o que lhe dava uma relação peso potencia muito interessante que lhe permitia fazer 0 aos 100km\h em menos de 8 segundos, o que se pode considerar território de desportivos de topo.

Com este novo modelo e com estas características estava assegurada a linhagem e pedigree deste novo modelo, mas a Renault não se ficou por ai. Em 87 nasceu o Phase 2 do GT Turbo, com ela foram atualizadas algumas das deficiências do modelo anterior, nomeadamente o turbo lag.

Para tal foi adicionado um arrefecimento do turbo por agua e um novo sistema de ignição que permitiu subir o limite de rotação em 500 rpm, não parece muito mas faz diferença nas passagens de caixa. A potencia cifrava-se agora em 120 cv e os 0 aos 100 em 7.5 segundos.

Com este modelo a Renault fechou o capitulo os caracóis em carros citadinos, este modelo foi substituído pelos clios 16v e willians, uns muito dignos sucessores, no entanto eram motores aspirados e convenhamos que não é a mesma coisa.

Esta linhagem é na minha opinião uma das mais importantes linhagens dentro dos modelos dos anos 80\90 com turbo, certo que existiram os 11 turbo e outros modelos de outras marcas das quais eu me confesso também um fã, no entanto era por este que eram medidas as expectativas, este era o topo, e para mim este facto faz toda a diferença...
Hélder Teixeira, no Vicio dos Carros



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