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Especial - Forma sobre Função

  • Gonçalo Sampaio
  • 5 de nov. de 2015
  • 2 min de leitura

O que é que os carros que conduzimos dizem sobre nós? Tudo, ou tudo o que interessa do ponto de vista de alguém que aprecia minimamente os carros.

E vou tomar aqui uma liberdade muito grande ao presumir que quem lê isto é alguém que aprecia minimamente os carros.

Há um ponto ao qual eu quero chegar com este artigo, e talvez à primeira vista pareça que esse ponto é um pouco fútil, mas asseguro-vos que é uma questão quase filosófica, pelo menos para quem, lá está, aprecia minimamente os carros.

A ideia que eu quero explorar é a de que a estética conta, sim. Ou seja, que toda esta obsessão que desenvolvemos quando começamos a conduzir, com a potência e o comportamento do carro, são apenas 50% da equação, nunca mais, nunca menos. Aquilo que nos excita nos carros à partida, o seu aspecto, não pode ser descuidado, e muito menos ignorado em prol de um veículo que faz mais sentido "no papel".

Aquela parte emocional irracional, aquele amor à primeira vista, aquele desejo súbito de estar ao volante de determinado carro, sem sequer pensar no que está debaixo do capôt, tem de ser respeitado, porque caso contrário, vamos acabar por descobrir que não somos felizes com o nosso carro. E não há sensação mais miserável do que a de não estar feliz com o seu próprio carro, pelo menos para quem aprecia minimamente os carros.

Para quem aprecia minimamente os carros, estes são uma extensão do nosso corpo, muito mais do que qualquer acessório de estilo que se possa usar, o carro é a nossa forma de dizer ao mundo: "Este sou eu, quer me ames quer me odeies, quer me respeites quer não, esta a minha personalidade." E quando abdicamos disso para comprar uma carrinha para a família ou um citadino porque "gasta muito pouquinho" estamos a deixar morrer essa parte de nós, a calar a nossa voz interior, a sufocar a nossa verdadeira essência. Não é à toa que o nosso Hélder Teixeira chama "vasectomias" às monovolumes.

Mas nem sempre sacrificamos a estética porque queremos carros económicos ou práticos, às vezes fazemo-lo numa busca incansável por performance. Atenção, eu não digo para irmos todos buscar Toyotas Celica 1.6 ou pôr os kits do Integrale num Delta 1.3 porque são bonitos, mas digo que a performance são só 50%. Pensem no BMW M5 V10. Apesar de haver quem decerto discorde, é uma verdade mais ou menos universal que este foi um dos modelos mais horrorosos da marca, o que não impediu milhares de pessoas de o irem buscar, simplesmente porque era obscenamente rápido. Mas eu aposto um Fiat Multipla em como qualquer dono dos 3 modelos de M5's anteriores tem um sorriso maior quando passa por uma montra na rua e vê o seu reflexo dentro do carro. A aposta neste caso seria eu ter de ficar com o Fiat Multipla.

Portanto a estética conta, sim, para quem aprecia minimamente os carros, e se com este artigo puder alcançar algo mais do que o estatuto de desabafo, que seja um momento de reflexão, de introspecção, e que levante a questão: "Onde raio está o carro com que eu sonhava quando tinha 12 anos?" Se a resposta não for: "Em meu nome", está na hora de nos preocuparmos.


 
 
 

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