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Especial - A Ascensão e Queda do Muscle Car

  • Gonçalo Sampaio
  • 30 de out. de 2015
  • 5 min de leitura

Quem não gosta de um bom e velho Muscle Car? Agarrar no volante com a mão esquerda, carregar na embraiagem, meter a primeira, largar a embraiagem e esmagar o acelerador simultaneamente para desaparecer numa nuvem de fumo branco. Não há nada tão entusiasmante como ver um pneu com letras brancas a patinar no asfalto, e todos os carros desta lista são mestres nessa arte, mas infelizmente, os seus descendentes não seguiram os seus passos. Esta é de facto a prova de que nem sempre se sai aos seus, e por vezes degenera-se mesmo.

Comecemos pelo Dodge Challenger, um dos mais populares carros americanos actuais e dos mais valiosos clássicos Mopar. Contudo, se recuarmos ao ano de 1978 somos capazes de apanhar um susto.

Sim, isto era um Challenger nos anos 80. Na verdade, este carro não tinha nada de Dodge para além dos emblemas, pois era na verdade um Mitsubishi Galant coupe que a Dodge comercializava sob o mítico nome. Naturalmente, a brincadeira não deu muitos frutos e em 1983 deixou de ser produzido, ficando ausente dos mercados durante quase 25 anos, até surgir o actual Challenger que tão bem conhecemos. Escusado será dizer que o Mitsubishi não trazia nenhum V8 debaixo do capôt, portanto era um "muscle car" de 4 cilindros, mas pelo menos ainda mantinha a sua tracção traseira, coisa que nem todos os carros que se seguem conseguiram fazer...

Avancemos então para o épico Pontiac LeMans, mais conhecido pela sua versão hiper-cool, o GTO.

Este carro que chegou a albergar motores de 7500 centímetros cúbicos e é um dos ícones incontestáveis do mundo automóvel viveu uma vida cheia, mas morreu em desgraça. Em 1988 foi lançado aquele que viria a ser o último Pontiac LeMans, mas não restava nada da filosofia do velho modelo que ficou célebre por aterrorizar as ruas de Brooklyn numa perseguição filmada sem licenças ou corte das ruas no filme "The French Connection". Este LeMans era simplesmente um Opel Kadett E.

Antes de mais, eu gosto do Kadett E, mas não exageremos. Ainda por cima, o modelo de topo, o "GSE" vinha com nada mais nada menos do que 96 cavalos de pura fúria, enquanto o nosso GSI ultrapassava confortavelmente a marca dos 150. Uma desgraça absoluta, em 1993 estava morto e em 2010 toda a marca Pontiac foi fazer-lhe companhia.

E agora o caso mais célebre de todos, o Ford Mustang.

Projectado no início dos anos 60 como um roadster de 2 lugares e motor central de 4 cilindros transversal (sim, isto é verdade), o Mustang foi completamente repensado e lançado em 1964 no mercado norte-americano, tornando-se num dos maiores casos de sucesso automóvel de sempre. Está há 51 anos no mercado e não nos deve deixar tão cedo, apesar de já ter sido considerada essa hipótese no final dos anos 80. Contudo, aquilo que realmente pôs a credibilidade do Mustang em cheque foi sem sombra de dúvida o Mustang II.

What the fuck, Ford? O que foi isto? Porquê? Como? Quem? Este carro foi um tiro no pé com um lança-rockets. Feito com base no Ford Pinto, o que resultou numa distância entre eixos completamente constrangedora, o Mustang II cometeu vários pecados, sendo um deles a ausência inicial de um motor V8 e talvez o mais sério e evidente, aquele design.

Durante anos olhei para este carro com horror e desdém, mas agora entendo o que o causou, é evidente que esta foi a primeira tentativa de fazer um desenho retro na indústria automóvel, a diferença entre o Mustang II e o de 2004 por exemplo, é que o II foi feito em 1974, e tentou replicar o original com elementos de design daquela época, o que era logo à partida a receita para a catástrofe. As pessoas gastam milhares de euros a tentar melhorar o aspecto destes carros, mas nunca vi um superar o do Mustang original.

Ah, o Charger. O Muscle Car quintessencial, a escolha de Dominic Toretto, Bo Duke, Luke Duke e dos assassinos de Bullitt.

Mas porque é que não ouvimos falar do Dodge Charger dos anos 90 como o Mustang ou o Camaro? Simples, porque não existiu, e porque é que não existiu? Bem, por duas razões, uma delas é que o Viper vendeu bem, outra é que o modelo dos anos 80 foi das coisas mais tristes que o mundo já viu.

Isto não sou eu a tentar ser engraçadinho, este era realmente o Dodge Charger a certa altura da sua vida, e vinha equipado com uma fantástica tracção dianteira e um leque de motores que variava entre um 2.2 e um gigante 1.6 de origem Peugeot. Pega lá Vin Diesel que é para aprenderes como a gente faz na Europa.

Eventualmente, Carroll Shelby fez uma versão de 146 cavalos deste chaço a partir do 2.2 acrescentando-lhe um turbo, e mais tarde aumentou-os para 175, criando assim o Shelby Charger GLHS (Goes Like Hell Somemore). Como não poderia deixar de ser, eu adoro este carro, mas é sabido que sofro de diversos distúrbios mentais, portanto não pensem que esta confissão tira algum valor de "sucatisse" a este Charger.

Acelerando para o próximo carro da lista, encontamos o esbelto Oldsmobile Cutlass.

442 não era a cilindrada em polegadas cúbicas, porque ele tinha de facto 455ci (7.5 litros), era sim referente aos carburadores destes motores, às caixas de 4 velocidades e aos escapes duplos. Mas nem sempre o Cutlass teve tão nobre designação, pois chegados os anos 80 surgiu algo chamado Cutlass Ciera, um degredo de 4 rodas com tracção dianteira e motores como um 4 cilindros 2.5 com menos de 100 cavalos, um V6 de 3 litros com 110, um outro V6 3.8 com 150 (este era o mais potente) e o meu favorito, um 4300 Diesel também V6, com 85 cavalos. Epá, estas coisas não dão para inventar.

Para último guardei algo especial. O Chevrolet Malibu. Nos anos 60 este era um nome de respeito, o topo de gama do Chevelle, um dos Muscle Cars originais, um veículo em tudo cool, o rei de Sunset Boulevard.

E o que é que a General Motors lhe fez em 2004? Isto.

Sabem quando os médicos dizem que se devem examinar as nossas próprias fezes para ver se está tudo bem com o nosso organismo? Bem, alguém o deve ter feito no departamento de design da Chevy, e achou que o que viu daria um bom carro. E pior ainda, houve quem tivesse o desplante de lhe espetar com um símbolo SS. O Malibu já tinha sido transformado numa berlina de tracção dianteira muitos anos antes, mas isto foi como profanar o cadáver de um falecido, desenhando-lhe obscenidades no que restasse da carne à volta da cara. E sim, refiro-me a pequenos pénises apontados para a boca. É isso que o Malibu MAXX representa para mim. Pilas desenhadas na cara de um morto. Não há pior forma de arrastar o nome de um ícone pela lama do que transformá-lo numa espécie de monovolume/hatchback gigante. Porra Chevy, os outros estão maus, mas este abusa.


 
 
 

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