Crónicas de um Viciado
- Gonçalo Sampaio
- 15 de out. de 2015
- 3 min de leitura
Quem nos segue há algum tempo aqui no Vício dos Carros já deve ter reparado em algumas coisas acerca de nós, nomeadamente da minha pessoa. Entre essas coisas está uma paixão muito grande por carros italianos e muscle cars, mas o vício que habita dentro de nós tem mais tentáculos, está espalhado por todo o cérebro e afecta o nosso raciocínio.
Um desses tentáculos, no meu caso, é um amor eterno pela Honda.
É verdade, quando não estou a contar os tostões para ver se posso comprar Alfas ou Lancias usados, estou a contar os tostões para ver se posso comprar um Civic, porque já tive um, porque gosto deles, porque sempre gostei deles, e porque vou sempre gostar deles, apesar de a polícia discordar.
Pois é, parte da experiência de ter um Civic é ser mandado parar aleatóriamente, a qualquer hora do dia, em qualquer sítio, por vezes com direito a armas apontadas. E não estou a exagerar, estou praticamente a contar histórias. Mas pronto, eu gosto da polícia e a polícia gosta de mim, está tudo bem, é sempre uma risota no fim quando mostro o cartão de estudante de criminologia. " - Ah e tal eu estava a estudar para ir para a polícia e ser seu colega." " - Ahaha, e porque é que não foi? Sopre aqui no balão continuamente por favor." " [Bufando e pensando em dizer que sou um mandrião que desistiu da faculdade no primeiro ano porque detesto estudar e só vejo carros à frente] - Porque gosto muito de Civics e então não dava." Lol para aqui, pahahah para acolá, 0.0 no balão e boa noite. Adiante.
Apesar do perigo iminente que é levar um balázio na tola e ir parar ao Correio da Manhã, o carro de que vou falar hoje é uma das minhas potenciais próximas aquisições, o Honda Civic de 4ª geração, também conhecido pela designação "EF".
Naturalmente, como o resto do mundo todo, o meu favorito dessa geração é o CRX, mas tal como já quis dar a entender, sou um individuo que tem de contar os tostões para escolher carros, por isso a minha atenção está muito mais virada para o Hatchback comum, do qual também sempre gostei. Além disso os coitados dos CRX foram todos assassinados por donos irresponsáveis que os sujeitaram a anos de más fibras e rebaixamentos estilo molaflex em fase terminal.
E o que é que distingue o comum Civic do CRX? Não foram eles também assassinados? Bem, foram, mas há mais, muitos mais, e são incrivelmente mais baratos, mesmo um 1.6i-16, que por sinal é o que eu espero vir a adquirir.
Então um pouquinho de história acerca da quarta geração do Civic. Lançado em 1988, este novo modelo representava uma evolução drástica face ao seu predecessor, que por sua vez também não era propriamente um carro atrasado, ganhando uma suspensão moderníssima e motores bastante mais potentes.
Quão potentes? Tendo em conta que estes carros pesam cerca de 900 kg, muito potentes para a época, com 90 cavalos no 1.4 de carburadores duplos, 130 no 1.6i-16, 150 no 1.6i-VT, que já trazia a famosa tecnologia "VTEC" e 160 na versão japonesa SiR. Havia mais motores, mas estes são os mais memoráveis. Escusado será dizer que nesta época Hondas a gasóleo eram ficção científica.
Mas este Civic também foi feito como sedan e carrinha, tendo essa carrinha recebido a designação "Shuttle", tal como já acontecia com a geração anterior, e sido mais alta do que os Civics normais, ficando, na minha opinião, horrorosa. Não é uma visão comum nas estradas portuguesas e julgo que nunca foi comercializada por cá oficialmente. Mas teve versões de tracção às 4 e caixa manual, o que é fixe.
Esta geração do Civic foi tão boa, que o permitiu subir de segmento, algo que se acentuou ainda mais com o modelo seguinte em 1992, passando de rival do Ford Fiesta para o nível do Escort com todo o mérito.
Talvez não seja o carro ideal para se ter um acidente e tenha sido uma das coisas com 4 rodas mais fáceis de roubar de sempre, mas este Civic é sem dúvida alguma um dos veículos mais emblemáticos do mundo automóvel, e foi também um dos responsáveis directos pelo fenómeno do tuning dos anos 90, o que quer se goste, quer não, tem um valor histórico enorme.

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