top of page
Buscar

Crónicas de um Viciado

  • Gonçalo Sampaio
  • 8 de out. de 2015
  • 2 min de leitura

Às vezes os melhores perdem. Sim, é com esta frase altamente desmotivadora que vou começar a Crónica de hoje, porque se adapta perfeitamente ao que aconteceu na América do Norte durante os anos 70.

Como devem saber tão bem como eu, nos Estados Unidos da América há uma guerra que decorre há mais tempo do que virtualmente qualquer outra guerra no mundo. Não é entre o Norte e o Sul, não é entre a costa Este e a costa Oeste, nem sequer é entre Democratas e Republicanos, a maior guerra americana é entre a General Motors e a Ford.

Entre as várias batalhas que surgiram, houve alguns vencedores distintos, como o Mustang sobre o Camaro, o Corvette sobre o Thunderbird e a F-150 sobre qualquer pick up que a Chevy decida lançar, ou até que qualquer outra marca decida lançar, uma vez que a famosa Ford continua a ser dos veículos que mais, e mais rápido, vende pelo mundo fora.

Normalmente estes vencedores são efectivamente os melhores carros, mas mais importante ainda, os originais. Ou seja, o Camaro copiou o conceito do Mustang e não teve nem perto do mesmo protagonismo e número de vendas, o que de certa forma é justo, mas quando a Ford lançou o Ranchero em 1957, permitiu à General Motors usar a sua ideia e roubar completamente o lugar na história da "pequena" pick-up americana. Nascia, em 1959, o mítico Chevrolet El Camino.

E assim foi, porque ainda hoje, se virem uma Fiat Strada ou uma Skoda Felicia Fun na rua vão pensar: "Ali vai o El Camino da Fiat/Skoda", quando na verdade o Ford Ranchero foi o original.

E porque é que o Ranchero perdeu? Seria um veículo pior? Menos potente? Menos robusto? Menos fiável? Menos bonito? Não, por nenhuma destas razões, foi puro azar, e provavelmente porque "El Camino" é um nome tão fixe de se dizer.

Como resultado desta condição, o Ford Ranchero morreu em 1979, enquanto o rival da Chevy durou até 87, tendo aguentado durante a crise do petróleo sempre com potentes motores V8, apesar de os Big Block de mais de 400 polegadas cúbicas terem sido descontinuados 11 anos antes.

Até hoje, o El Camino mantém-se um ícone, por representar o conceito de sedan com caixa aberta, de pick up que se conduz como carro, de muscle car com menos peso atrás, de carro badass no geral, apesar de ter roubado esse conceito a um carro que já existia.

E sinceramente, ainda bem que o fez.


 
 
 

Comments


RSS Feed
Archive
Search By Tags
Follow Us
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
  • w-facebook
  • Twitter Clean
  • w-googleplus
bottom of page