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Crónicas de um Viciado

  • Gonçalo Sampaio
  • 30 de set. de 2015
  • 3 min de leitura

O carro que vos trago hoje é um dos melhores de sempre, tanto dentro da marca que o fez, como perante a história da maior invenção de Cugnot, o automóvel.

Talvez num plano amplo, um desportivo de duas portas, quatro lugares com um V8 à frente e tracção traseira se perca um pouco no meio da enorme concorrência que o rodeia, concorrência de qualidade por sinal, mas quando esse desportivo é feito pela Porsche, o caso muda um pouco de figura.

Não são símbolos nem nomes que fazem carros, mas sim a paixão e a qualidade, e a Porsche, quer se goste quer não, tem as duas coisas aos montes, apesar de gozar do tal símbolo e do nome, especialmente quando chega a altura de pôr um preço nos seus produtos.

Felizmente, como este produto já tem muitos anos, começa a ser relativamente aceitável comprar um nos dias que correm, e o produto que estaríamos a comprar, é nada mais, nada menos, do que o carro de Tony Montana, o Porsche 928.

Este é sem dúvida o Porsche perfeito para quem não é fã da Porsche, entenda-se, não é fã do 911, quem o acha um Carocha glorificado, quem não acha piadinha nenhuma ao motor na parte de trás do carro e à mesma linha desde 1900 e troca o passo. Este foi de facto o carro que iria substituír o 911, mas cedo se percebeu em Estugarda que isso seria matar a galinha dos ovos de ouro, por isso o 928 e o 911 foram obrigados a viver em harmonia durante 17 anos.

E que bela harmonia foi. Enquanto um recebia o Turbo que o tornou perfeito, o outro foi uma autêntica lição sobre como fazer um GT, ou não fosse a sua inspiração o trabalho realizado pela Alfa Romeo com o Alfetta, colocando a caixa de velocidades na traseira do carro, de forma a permitir uma distribuição de peso perfeita. Neste aspecto, o 928 dava dez a zero ao seu irmão de motor traseiro.

Um outro aspecto brilhante do 928 era o seu motor de oito cilindros em V, que não era um monstro da potência, mas que funcionava às mil maravilhas, e que ainda hoje tem uma manutenção muito básica. Diz-se que os custos de manter um 928 são iguais aos de um Ford Focus, mas eu nunca tive nem um nem outro, por isso não posso confirmar nem desmentir tão deliciosa afirmação. E atenção, quando digo que o 928 não era um monstro da potência, falo em comparação aos padrões de 2015, porque para um carro de 1978, ele era dos mais rápidos, entrando no território da Ferrari e da Lamborghini.

Mas era um carro feito a pensar em gente que tinha de ocupar uma das mãos a dividir pequenos montes de cocaína em linhas enquanto conduzia, por isso muitos deles vinham equipados com caixas automáticas, apesar de ter havido sempre uma competente manual de 5 velocidades. De qualquer forma, hoje em dia há empresas especializadas em vender kits de conversão para a T5 do Corvette, que é mais moderna e barata.

Em 1995 deixou de ser feito, e a Porsche nunca o substituiu, tornando-o para sempre único, imortal, como uma recordação eterna de quando a Porsche tentou fazer carros normais, e superou toda a gente ao fazê-lo.


 
 
 

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