Icones do nosso Tempo- Morris Marina
- Helder Teixeira
- 16 de ago. de 2015
- 5 min de leitura
Estou de volta são e salvo...... Esta enignimatica frase será certamente a frase mais vezes proferida por quem teve um destes modelos, se ainda não leram o titulo vou desvendar agora o carro sobre o qual vou falar hoje, o Morris Marina, o pior carro de sempre.

Sim nos ícones de hoje vamos falar de um excelente exemplo de como a finança e a pressa em fazer retornar as libras aos bolsos arruinou complemente um carro que parado ate que nem e feio, mas que quando se leva para a estrada a primeira palavra que nos surge é medo, seguida por pesadelo, e depois por um imenso cardápio de insultos assim que chegamos a uma curva mais acentuada mas vamos por partes. Vamos então situar o Marina na historia e tentar perceber porque é que este carro e considerado o pior carro da historia.

Este modelo começou a ser desenvolvido por Ron Haynes, pai do cortina mk2, que tinha como missão criar em tempo recorde um carro para substituir os já muito antiquados modelos da Morris, com que os novos administradores se depararam após a fusão da Leyland, proprietária da Morris e Austin, e a British Motor Holdings. Para criar uma distinção entre as duas marcas os administradores resolveram colocar a Austin como uma marca mais voltada para públicos mais aventureiros, usando as mecanicas dos minis de tração frontal, e a Morris como carros mais conservadores e cost efective, o primeiro de muitos erros foi este os custos.

Tendo esta premissa em mente Ron Haynes criou uma linha de carros(Sedan, Coupe, Estate e Pick-up) que competiria com Escorts, Cortinas, e demais concorrência estrangeira, utilizando tração traseira com um eixo vivo e uma linha de motores e componentes testados e aprovados nos Morris e nos Mgb ambas marcas do grupo. Uma outra solução eficiente e inovadora para a altura, que hoje em dia é regra na industria automóvel, foi o uso de uma plataforma comum a todas as variantes e modelos do marina, esta seria a parte do manter o custo baixo pois não seria necessário varias fabricas para fazer as plataformas para todas as variantes ela seria sempre a mesma, quer para o marina quer para outros modelos que se seguiriam.
Esta solução foi apresentada aos administradores que a acharam completamente errada e decidiram chamar um novo projetista, Harry Webster da Triumph para impulsionar o projeto, resultado Ron Haynes saiu da empresa e este foi o segundo erro catastrófico, o facto de ter dois projetistas e concepções e visões diferentes do mesmo projecto levou a que o custo disparasse imemso devido a todas as alterações e atrasos no seu desenvolvimento. Ora para quem procurava criar um carro económico e básico foi um tiro no pé com uma bazuca.

Outra das alterações foi o motor, originalmente tinha sido pensado utilizar os motores do tipo E da British Motor Company (BMC), um 6 em linha modular com imensos problemas de concepção, que foram substituídos pelos mais fiáveis modelos de 4 cilindros do tipo A e B também da BMC, mais uma alteração mais um custo. Depois foi a fabrica escolhida, uma fabrica dos anos 20 que foi completamente remodelada para este projeto e que para cúmulo teria que ter uma ponte sobre uma estrada municipal que passava entre a parte da mecanica e a restante fabrica, satiricamente a estrada foi vendida há British Leyland precisamente depois da ponte estar construida, mais um tiro no pé.
Depois temos o design com tanta troca e baldroca e imensa perda de tempo e dinheiro, os administradores decidiram travar a inovação e em vez de fazerem o que estava inicialmente projetado e bem, não volta a trocar.
Desta vez o corte foi no desempenho o administradores decidiram reduzir os custos e abandonar a suspensão de braços MacPherson em favor de um projeto antigo com molas de folha na traseira e varas de torção na frente projecto este desenvolvido para o Morris Minor, um carro reconhecido pelo seu desempenho, certo?? Nao. Também abandonaram um projeto para uma novo caixa de 4 velocidades da BMC.

Como medida de contenção a versão coupé do Marina usariam as mesmas portas da frente como a versão berlina mais um corte de custos. Resultado deixou de existir um verdadeiro coupé para existir um derivado óbvio do sedan que em vez de ter uma imagem diferente, mais desportiva como Roy Haynes havia originalmente proposto. Isto tornou impossível lançar o coupé como um produto premium e assim decidiu-se que a versão coupé de 2 portas da Marina seria a versão mais barata das duas carroçarias. O que criou falsas expectativas em muitos compradores do Marina coupé que o produto final nunca foi destinado a atender, sendo mecanicamente idêntico à versão sedan padrão, bem jogado um coupé que não é coupé, bem jogado mesmo.
Ja no que toca aos motores como dito anteriormente eram da tipo A e B da BMC com cilindradas entre os 1.3 e os 1.8, que na versão TC traziam equipados com 2 carburadores tal como os MGB para melhor perfomamce, que neste caso chegava aos 86cv, nada mau para os anos 70.

Chegada a altura de colocar o carro a venda obviamente que os jornalistas queriam experimentar os top, os coupes, os 1.8 mas assim que chegavam a primeira curva fugiam aos berros e nunca mais voltavam, os compradores mais exigentes faziam o mesmo o que levou a que o modelo apenas fosse popular entre os menos exigentes e as famílias low budget,o que não quer dizer que o carro não fosse bem sucedido nas vendas o problema era a sua pobre evolução comparado com a concorrência, era simplesmente mal construido,mas no entanto ainda hoje tem alguns fas...


Sim é verdade cortar custos a torto e a direito nunca foi uma boa opção e neste caso foi o que ditou o fim de um bom projecto, o mau planeamento, as mas escolhas da gestão feitas por quem de carros pouco percebia levou a que todo o carro fosse uma miserável amostra do que poderia ser, no entanto revelou uma nova função para o volante, era o sitio onde o condutor se deveria agarrar para não ser projetado pelas portas fora numa curva, quando conseguia fazer a curva. No projecto inicial tal como disse era um carro apelativo com um design inspirado nos muscle cars e motores a condizer, aliados com alguma tecnologia e cost effective. Em 70 um carro de gama media com o mesmo motor do MGB e suspensões MacPherson etc era muito bom, mas devido a não cortarem nas gorduras e sim cortarem onde não deviam, no projecto, criaram aquele que para muitos e um carro ridículo de se conduzir, já para não falar no enferrujamento precoce devido a ausência de proteção (mais um corte).

Na verdade foram mais os que foram desmontados para aproveitar as peças boas do motor e caixas da BMC, do que os que sobram na estrada.
Moral da historia quando não sabem o que andam a fazer não o façam , the end....
Helder Teixeira, no Vicio dos Carros



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