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Crónicas de um Viciado

  • Gonçalo Sampaio
  • 22 de jul. de 2015
  • 3 min de leitura

Recentemente tenho dedicado algum do meu pensamento ao estilo Cyberpunk, que para quem não está familiarizado com o termo, é um estilo de ficção científica que retrata um futuro não muito distante, normalmente um pouco decadente, ou mesmo pós-apocalíptico, onde a tecnologia é abundante, mas os valores nem por isso. Alguns filmes que se inserem neste estilo são "Eu, Robot", "Akira", "Exterminador Implacável", "Matrix", "Homem Demolidor" e, talvez o mais mítico deles todos, "Blade Runner", entre muitos outros.

Mas também tenho dedicado algum do meu pensamento a uma gaja boa que andava comigo no secundário, e no entanto ninguém quer saber disso para nada, portanto o que é que o estilo Cyberpunk tem a ver com uma crónica sobre carros? Bem, nestas obras é comum vermos interpretações do carro no futuro, muitas delas imaginadas nos anos 80, e às vezes surgiam os próprios carros dos anos 80, mas normalmente com algumas alterações (como as conversões para automóveis voadores de "Regresso ao Futuro II").

O que me leva finalmente ao carro de hoje, que apesar de não entrar em nenhum filme Cyberpunk que eu conheça, parece imaginado precisamente para esse efeito.

O Nissan Skyline R30.

Basicamente, se as coisas com a Grécia derem para o torto, os russos se chegarem à frente e os americanos entrarem em guerra com eles, o mundo vai sofrer alterações políticas e económicas profundas, e no meio da loucura, um condutor solitário vai encontrar um carro destes, enfiar-lhe um RB26, umas jantes ultra-futuristas, uns neóns e, por alguma razão, só vai conduzi-lo à noite. Acreditem em mim, já vi muitos filmes destes.

Mas antes disto acontecer, o R30 teve de ser criado, e essa história também foi interessante. Lançado em 1981, este modelo de Skyline substituíu o C210, que não é exactamente o mais memorável dos carros a usar este nome, sendo talvez o menos elegante membro da família até ao V35. Apesar disso, o R30 vendeu menos do que o seu antecessor, mas foi melhor carro.

Vinha equipado com motores de 4 ou 6 cilindros em linha, cujas versões de topo ganhavam ainda turbos, o que resultava numa potência de 140cv para o 2.0 de 6 cilindros e entre 190 a 205cv para o 2.0 de 4. Porquê? Não sei, mas pronto, era o que era.

Um aspecto único neste Skyline era a existência de uma carroçaria hatchback de 5 portas, que nunca mais surgiu. Em perfeita justiça, vê-se bem porquê.

Algo que sempre achei curioso no R30 é a semelhança exterior que ele tem ao Renault 21, mas com o facelift de 1983 isso acabou, e foi introduzida a frente apelidada de "iron mask", que literalmente quer dizer "máscara de ferro", com uma grelha fechada e faróis mais estreitos.

Também em 1983 tinha surgido a edição especial Paul Newman, fruto da relação do actor/piloto com a marca. Apenas autocolantes distinguiam esta versão dos turbos normais.

Tal como Paul, nas pistas safou-se bem, muito bem aliás, especialmente na Austrália como carro de Turismo. Enquanto carro silhoueta de grupo 5 era uma máquina de cuspir fogo invejável, mas faz parte daquele leque de carros que inspirou o estilo Bosozoku, que para mim podia muito bem ser arrumado numa gaveta gigante para toda a eternidade.

O R30 viria a ser substituído pelo R31, que era quase o mesmo carro, e em 89 surge o R32 que tão bem conhecemos. Mas o legado dos Skyline enquanto carros desportivos de tracção traseira no fundo morre com o R30 e R31, porque o futuro ditava tracção integral nos moderníssimos GT-R.

Se não quiserem esperar pelo fim do mundo para encontrar um nos escombros, recomendo que procurem nos nossos sites de usados, porque é o Skyline mais barato do mercado português e ainda vai aparecendo.

Gonçalo Sampaio, no Vício dos Carros


 
 
 

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