Crónicas de um Viciado
- Helder Teixeira
- 9 de jul. de 2015
- 3 min de leitura
Por mais aberta que seja a nossa mente no que toca a carros, há sempre certas coisas que esperamos de certas marcas. Da Mercedes-Benz, luxo, da Toyota, fiabilidade, da BMW, prazer de condução, da Dodge, potência, da Ferrari, performance, da Citroën, conforto. Mas às vezes esses grandes brincalhões trocam-nos as voltas, e acabamos por ficar com carros como o Mercedes Classe A, o Toyota Prius, o BMW Série 2 Active Tourer, o Dodge Caliber, o Ferrari... ok, a Ferrari não falha na performance, ou o Citroën Xsara.
Ainda assim, nenhuma marca nos consegue despistar da sua tendência como a Renault. Quando parece que estamos a lidar com uma marca de familiares de tracção dianteira perfeitamente amistosos, surge algum Alpine de motor traseiro, ou um Renault 5 com motor central para nos dar uma coça e roubar o dinheiro do lanche, e de repente surge mais uma pancada na cabeça chamada Clio Williams, e um pontapé rotativo sob a forma de um Safrane Biturbo. No dia segunte pensamos que já está tudo bem e pumba, soco na garganta: Clio V6.
Não se sabe de onde saem estas coisas, mas elas aparecem e surpreendem-nos sempre. Mas ao estudar um pouco a história dos modelos da marca, descobrimos um dos seus segredos mais temíveis, algo que nunca associaríamos à Renault, mesmo sabendo do seu lado negro. Um Muscle Car.

Este é o Renault Torino e até o seu nome é homónimo de outro Muscle Car, neste caso da Ford, apesar de se referir à cidade italiana de Turim. Mas isso é outra questão totalmente diferente, o importante aqui é que estamos a lidar com um carro de proporções relativamente elevadas, com um motor de 6 cilindros à frente e tracção traseira. Da Renault!


Como é que isto aconteceu? Bem, antes de responder a isso tenho de dizer onde é que isto aconteceu, na Argentina, o que é logo à partida uma excelente razão para visitar esse país, mas ao mesmo tempo uma facada enorme para quem já estava com ideias de procurar um usado na net. De qualquer forma, este carro surgiu quando, em 1966, a IKA (Industrias Kaiser Argentina) e a American Motors Corporation se juntaram para vender um AMC Rambler com um estilo mais europeu no país sul-americano. O carro seria produzido localmente e o desenho ficou ao encargo da Pininfarina. Até aqui a Renault não tinha metido o bedelho, mas como em 1975 adquiriu a IKA, passou a vender o modelo já com a marca francesa. A sua produção durou até 1982, e no decorrer da sua vida, o Torino tornou-se numa espécie de orgulho nacional argentino, até Fangio teve um.


Como bom Muscle Car que era, foi usado pela polícia na versão de 4 portas, e andou a correr, tendo-se saído bastante bem em Nürburgring no fim dos anos 60.



Fora das pistas era um carro rápido na mesma, com os seus motores Jeep e três carburadores Weber duplos a debitarem entre 180 a 215 cavalos nas versões de 3.8 litros. Os coupés eram equipados por uma caixa manual ZF de 4 velocidades, o que já chegava para meter muitos carros mais recentes no bolso.


Hoje em dia este é um carro de culto na Argentina, e contribui grandiosamente para o louco arsenal de carros da Renault, que entre Espaces F1 e 21 Turbos Quadra, já me deu mais uns cachaços ao longo deste artigo e me roubou a carteira. Bolas Renault, Bolas.



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![P1000287[1].jpg](https://static.wixstatic.com/media/a366b8_d278f38e102f40a7b471ce8dba3f608a.jpg/v1/fill/w_490,h_367,al_c,q_80,enc_avif,quality_auto/a366b8_d278f38e102f40a7b471ce8dba3f608a.jpg)








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