Lendas do Paddock: Alpine (-Renault)
- Rúben Teixeira
- 9 de jun. de 2015
- 4 min de leitura

Alpine. Lenda dos Paddocks. Lendas das Classificativas. Ou simplesmente Lenda. Nunca conheci ninguém que gostasse de carros e não gostasse de Alpines.
Tudo começa com o seu fundador, Jean Rédélé, um empresário formado nas melhores escolas de gestão gaulesas e que tornara-se no maia novo concessionário Renault na mesma altura em que é lançado o Renault 4CV.
Com este modelo preparado pela sua própria equipa, Rédélé obtém fantásticos resultados, vencendo a sua categoria nas Mille Miglia no iniçio da década de 50.
Com base nas suas preparações, Jean Rédélé decide que seria viável criar um desportivo económico com base no pequeno 4CV. Sem o apoio dos carroçadores franceses, Rédélé vira-se para os italianos da Michellotti e cria um pequeno protótipo que será o primeiro passo para a Alpine.





Surge pouco depois o primero verdadeiro Alpine, ainda baseado no 4CV, o A106.
O espirito competitivo dos franceses e em especial de Jean Rédélé dão azo a que este pequenino coupe de motor traseiro e os modelos que lhe seguiram tivessem uma vida competitiva atarefada, mas o verdadeiro sucesso só surge na década de 60 com o A110, a Berlinette. Não é o primeiro Alpine de chassis próprio. Quer dizer, de chassis não têm muito, pois Rédélé e o seu primo Roger Prieur projectaram um chassis de aço tipo "espinha" minimalista que usava a carroçaria de fibra de vidro como elemento estrutural, muito semelhante ao que a Lotus também usava.




De motor usava um pouco de tudo do que a Renault, que a esta altura começava a colaborar mais com a pequena marca de Dieppe, desde um minusculo 1108cc até ao 1.6l, mecanicas provenientes do também grande "carrinho" de competição, o R8.
Todo este desenvolvimento culminou num carro que deu cartas nas pistas e nos rallies, em especial nos rallies, com um incrivel "hat-trick" com um 1-2-3 no Monte Carlo de 1971 que ajudou no titulo Europeude Rally desse ano, e no primeiro titulo Mundial em 1973, com outra vitória no Monte-Carlo pela mão de Jean-Claude Andruet e para mim uma das mais lindas navegadoras de sempre, a "Biche".
Se pensam que estes A110 de rally eram máquinas especiais, estão enganados. Eram básicamente o mesmo carro de estrada, com uma carroçaria de espessura mais fina, mesmo forros e insonorização. Tanto que muitas vezes quando a equipa de rallies precisava de algum carro adicional, ia simplemente o buscar à linha de produção normal. Isto também faz com que muitos privados comprassem A110 de série e estivessem logo a ganhar provas a nivel regional e nacional sem grandes custos de preparação.




Por volta desta altura a Renault já estaa fortemente envolvida na Alpine, e com isso veio os seus recursos e também uma mais forte aposta nas pistas.
O preparador Gordini começa a ser o responsável pelos motores de pista, com apostas em Le Mans.
Já na déada de 60, os pequeninos Alpine dominavam os prémios de Eficiencia em La Sarte, e a partir de 68 a Renault fornece V8 Gordini para mais altos vôos, mas o motor não têm calibre necessário e vibra excessivamente, causando que tudo estalasse e desapertasse à sua volta, tinha falta de fiabilidade e menos 20% de potência que a concorrencia.
Em 68 também fizeram um protótipo de Formula 1, mas que nunca saiu da fase de testes.
Mais sucesso teve na Formula 2 também com motores Gordini que também não estavam a par da concorrência nível de potência, mas que a qualidade dos chassis Alpine garantiram a Patrick Depallier dois titulos franceses de F3 e um titulo Europeu.





A insistência em Le Mans também dá frutos com os primeiros passo da "revolução turbo" que a Renault inicia nos anos 70, e que dá a vitória nas 24h em 1978.


Mas a Alpine ainda é a marca das especiais de estrada, e o novo A310 é apesar de maior e com mais caracter de Gt continua com o mesmo layout do A110, quase um monocoque de fibra de vidro, com o minimo de aço envolvido e motor traseiro, e tal como o seu antecessor foi uma máquina competitiva nos rallies, obtendo o titulo francês equipado com motores preparados pela Colberson em vez da tradicional Gordini. O A310 trazia também o V6 PRV que o movia para o terreno de caça do Porsche 911, e era esta a intenção da Renault que no final da década de 70 tomava cada vez mais as rêdeas do destino da marca de Dieppe, com Jean Rédélé a manter-se como consultor.
O desinteresse da Renault em apostar nos Alpines nos rallies nunca foi bem visto por Rédélé.



Em substituição a Renault usou o manancial técnico da Alpine para conceber o R5 Turbo, que partilhava a suspensão traseira com o do A310, e usava tecnologia que vinha a ser desenvolvida a partir do anterior R5 Alpine de rallies com 130cv às rodas dianteiras vindos novamente de uma motorização desenvolvida pela Colberson.




A Renault cada vez mas diminuia as actividades da Alpine, e pouco mais que as evoluções A610 para campeonatos de GT nos anos 80/90, acabando com as suas actividades próprias em substituição pela Renault Sport, usando para isso as instalações de Dieppe.



Isto foi sempre visto como o fim ingrato para uma marca que nunca deixou o seu país mal visto, que deu grandes carros e grandes vitórias e que sempre se pautou por seriedade e grande paixão, à imagem do seu criador, Jean Rédélé.








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