Crónicas de um Viciado
- Helder Teixeira
- 29 de abr. de 2015
- 2 min de leitura
Há vários pecados no mundo automóvel que são relativamente discutíveis. Há quem não goste de carros italianos, há quem não goste de muscle cars, há quem defenda as caixas automáticas, há quem viva em busca do consumo perfeito - não existe, tirem o passe -, há quem goste de ter carros com tecnologia para auxiliar a sua inaptidão para conduzir e há até quem prefira tracção dianteira à tracção traseira... Mas há uma coisa que é mais ou menos regra: toda a gente gosta de um bom "Big Body Benz", o Classe S.
Mas o Classe S está um bocado longe de ser o carro do purista, é pesado, tem muita tecnologia, é feito com o conforto em mente, é quase sempre automático e é cada vez mais raro encontrar um a gasolina. Quase que poderia ser considerado um trambolho, tirando pela parte em que simplesmente não o é.
Quando não está a ser conduzido demasiado devagar por um colega do Hip Hop (hoje em dia um gajo tem de ter mais de um emprego) ou a matar membros da realeza em túneis na França, o Mercedes Classe S é um carro bastante competente, direccionado para a performance, apesar de não perder a compostura. Mas houve uma ocasião em que ninguém quis saber da compostura para nada, em que decidiram fazer do Classe S um carro desportivo e divertido de se conduzir, em que ignoraram toda a filosofia do modelo para criarem isto: O Mercedes-Benz W126 560 SEL 6.0 AMG (disponível com caixa manual).

Mas nem tudo são maravilhas, dos cerca de 100 Classe S com este motor que foram feitos, apenas uma fracção deles foi equipado pela Getrag de 5 velocidades pela AMG, portanto se estavam com ideia de ir comprar um, podem riscar essa ideia, porque não o vão encontrar. Maior parte deles eram inclusivamente o coupé, o que torna virtualmente impossível encontrar um à venda hoje em dia. De qualquer forma, quem os tem, pode dispor de cerca de 370 cavalos debaixo do pé direito, provenientes de um V8 de 32 válvulas, com 6 litros.



A suspensão era a mesma que a Mercedes-Benz tinha desenvolvido para o 6.9 da geração anterior, e que equipava o 560 SEL de série, no qual este carro era baseado. No interior os habituais luxos continuaram presentes.


Este é capaz de ter sido o mais agressivo dos Classe S, e isso faz com que seja um dos meus favoritos. Naturalmente, sendo um fã incondicional desta geração, um 280 SE com caixa manual ou mesmo um dos V8's automático já me chegaria perfeitamente, mas saber que este tipo de "exercícios" existiu deixa-me com um daqueles sorrisos de orelha a orelha, a sonhar com o dia em que encontro uma mala cheia de notas algemada ao braço de um traficante de droga morto, vou buscar um serrote e encomendo um S63 com caixa manual à Mercedes. Ah...











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