Crónicas de um Viciado

Quando decidimos fazer uma semana dedicada ao carro português aqui no Vício, houve um que eu me voluntariei imediatamente para falar, porque lhe acho mesmo piada, no bom sentido.

Admito que, se não fosse um carro português, era capaz de ter passado despercebido pelo meu radar automobilístico durante a vida toda, mas como é, dediquei-me a estudá-lo um pouco e fiquei eternamente fascinado por ele.

Com uma carroçaria de duas portas, motor dianteiro, tracção traseira e caixa manual de 4 velocidades, este carro partilha a sua configuração com alguns dos gigantes da indústria automóvel, como o Plymouth Hemi Cuda ou o Chevy Corvette C2, mas não passa tanto tempo à procura de estacionamento... É o Sado 550!

Fabricado em Setúbal pela Entreposto, este microcarro português contava com uma moderna mecânica da Daihatsu, um 2 cilindros em linha que debitava uns loucos 28 cavalos, transmitidos para as rodas de carrinho de golfe traseiras através da mesma caixa que equipava os Cuore. Para um carro de 500 kg, a relação peso/potência é de 0,056 cavalos por quilo, ligeiramente mais do que um Mercedes-Benz Classe E 200D.

Mas nem todos os Sado 550 se ficam por estes valores, porque tendo em conta a sua configuração desportiva e proporções diminutas, este carro português tornou-se bastante popular para provas de perícia, com motores de outros carros ou de motas e rodas maiores, o pequeno carro português ganha outra vida, e demonstra as suas capacidades entre outros grandes carros pequenos, como o Mini original.

Portanto porquê comprar um Smart, quando um produto nacional já provou aos anos que consegue ser melhor do que um Mercedes? Bem, poderá haver a questão de encontrar um deles à venda, que nunca foi particularmente fácil, já que só se fizeram cerca de 500, e o preço, que supera o de alguns Smarts usados... Mas hey, pelo menos tem um capôt, é mais acolhedor e acima de tudo, é um símbolo de que em Portugal já se fizeram coisas, até carros.

Gonçalo Sampaio, no Vício dos Carros