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Crónicas de um Viciado

  • Foto do escritor: Helder Teixeira
    Helder Teixeira
  • 15 de abr. de 2015
  • 3 min de leitura

Para quebrar a minha tendência de falar de carros antigos, americanos e grandes, vou falar de um carro novo... americano e grande.

Mas acreditem que levei a parte do "novo" mesmo a sério, este carro ainda não está sequer à venda, nem na Europa, nem na sua terra natal, simplesmente não saiu. Ainda nem posso dizer quantos cavalos ele tem, porque a marca que o faz está a guardar isso para eles.

Posso dizer que o seu motor faz um dos sons mais bonitos que já ouvi, e que se sabe comportar em pista, mas mais do que isso seria especulação da minha parte.

Antes de mais, é importante referir que não há sentimento mais europeu do que a dor de cotovelo. Durante anos ouvimos pessoas dizerem de boca cheia que os carros americanos são banheiras, e isto e aquilo, e que não curvam, e que só sabem tirar cavalagem de motores enormes, e que gastam imenso, e que não cabem nas nossas ruas, e que é tudo automático, mas acima de tudo, que o BMW de fulano, beltrano e sicrano lhes daria uma tareia.

Tudo muito giro, mas absolutamente errado. Se existem carros americanos que são banheiras? Existem sim senhor, mas a Mercedes-Benz também sempre as fez e ninguém se queixa. Não curvam? Curvam. Um Morris Marina não curva, um Audi, com o motor à frente do eixo dianteiro não curva, mas um muscle car, mesmo com uma suspensão arcaica, curva bastante bem, logo que sejamos homenzinhos e o saibamos conduzir. Cavalagem? Realmente nem todos os seus V8's produzem mais de 600 cavalos, mas normalmente compensam esse facto com uma fiabilidade descomunal. Gastam imenso? Não mais do que o meu Alfa Romeo 75 1.6 a carburadores de certeza. São grandes? Já passaram por um Mazda 6 recentemente? Tudo automático? Tirando coisas como o Buick GNX e o Chevy Impala SS de 1996, quase todos os desportivos americanos têm caixas manuais, desde os anos 60 até aos dias de hoje, enquanto por cá a Ferrari já nem faz carros manuais, nem nenhuma das grandes marcas europeias as vende nas suas versões topo de gama. Tirando a BMW que, curiosamente, na América do Norte, ainda vende o M5 com caixa de 6 e pedal de embraiagem. E será que um desses BMW's ainda é melhor do que uma banheira americana? Investiguem uma coisa chamada Cadillac CTS-V e depois falamos sobre isso.

De qualquer forma, num mundo de crescente paneleirice ambiental e pessoas empobrecidas por esquemas politico-económicos que nos transcendem, o velho carro americano está em vias de extinção, as pickups recebem V6, as cilindradas baixam, tudo começa a vir com turbos, são os anos 70 e 80 de volta, mas sem expectativas de melhoria.

Só que há um grupo de carros que continua num canto da sala, a jogar cartas a dinheiro, a fumar e a beber, à espera do primeiro coitado que os vá lá incomodar para iniciarem uma porrada da velha e virarem o bar do avesso. O Corvette, o Viper, o Camaro, o Challenger e, o pior do grupo, o Mustang.

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Ninguém se pode realmente meter com o Mustang, ele andou estes anos todos a dar coça a toda a gente com um eixo sólido na suspensão traseira, que é o equivalente a lutar com uma perna partida, e agora que está curado e tem finalmente a sua suspensão independente, a porra ficou muito séria.

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A verdadeira ameaça, e a razão pela qual criei esta introdução toda, é o novo Shelby GT350 que vai sair para o ano. Uma besta de 5.2 litros, com uma caixa manual de 6 velocidades, e que não recorre a turbos nem a compressores para respirar, mas que vai produzir, segundo a própria Ford, no mínimo 100 cavalos por litro. Tendo em conta que um GT 5.0 actual já vem com 440cv, o GT350 vai mesmo ter de meter medo, se bem que está a ser desenvolvido com comportamento em mente, mais do que capacidade de fazer burnouts épicos. Para isso está a ser desenvolvido um novo GT500.

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Tudo no novo Mustang GT350 é direccionado para a performance, a aerodinâmica da carroçaria do Mustang fastback foi trabalhada e vemos de facto peças de carbono à mostra. Carbono. Num Mustang.

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No final do dia, o que aqui temos é um carro que vai arrasar muitas noções dos fanáticos em electrónica que andam aí, mostrando que ainda se consegue fazer um carro muito rápido em pista (sim, também anda no Nurburgring) que ainda é divertido de se conduzir, e que fará frente a quem tenta matar o automóvel, usando o seu coração de 5200 centímetros cúbicos como arma e como estandarte.

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Gonçalo Sampaio, no Vício dos Carros


 
 
 

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