Crónicas de um Viciado
- Helder Teixeira
- 25 de mar. de 2015
- 2 min de leitura
Estimados Viciados, permitam-me começar esta crónica reforçando a ideia de que sou um eterno adepto dos anos 80.
Carros desenhados a régua e esquadro, abundância de plásticos, autocolantes de fábrica, cores pastel, são o meu mundo. Sou o tipo de pessoa que sonha em ter um DeLorean e que trocou um carro de 1999 por um de 1989, que ainda vê Miami Vice e que ouve músicas que foram lançadas antes de se inventar o CD. Lamentavelmente, falhei os anos 80 por pouco, não me posso gabar de ter passado um único dia da minha vida nessa década que tanto venero.
Enfim, pelo menos vivo num mundo em que ainda se vão vendo carros como aquele que vos trago hoje, apesar de cada vez menos.
Sem mais demoras, este é um dos meus três Volkswagens favoritos, o Scirocco MK2.

Enquanto posso estar longe de ser um fã da VW, este carro consegue mexer comigo, apelando ao meu lado mais emocional e irracional, coisa que os alemães não costumam fazer, pelo menos a mim.

Se por um lado temos os italianos com os seus "cuores sportivos", "cavalinos rampantes" e os americanos com os "hot rods" e "muscle cars", os alemães são a quem recorremos para coisas aborrecidas, frias e supostamente sensatas. É claro que eu sou o primeiro a contrariar estes estereótipos e dou logo o exemplo de um E30 M3 ou de um Mercedes 500E, que são obras de loucura total, mas para efeitos de contextualizar este Scirocco, vou remar com a maré durante um pouco, até porque, no que diz respeito à Volkswagen, mesmo os Golf GTI são carros relativamente aborrecidos para os olhos.

O Scirocco MK2 é tudo menos aborrecido, é gritante, é espalhafatoso, é espectacular. É um vira-cabeças nato, e tem a capacidade de me fazer desejar um, independentemente da mecânica que traz debaixo do capôt.


Mas se estivermos numa de ser picuínhas, há uma motorização que merece destaque, aquela que era partilhada com a segunda geração do Golf GTI, o 1.8 de 16 válvulas. Esta versão foi lançada em 1986, 4 anos após o lançamento do Scirocco MK2 e garantia ao condutor quase 140 cavalos nas rodas da frente, o que, para um 1781cc, sem turbos nem compressores, era bem bom. Aliás, é melhor do que 140 cavalos num carro novo, porque os carros novos não pesam 970kg.



Cépticos? 0 aos 100 em menos de 8 segundos, continuando a galopar até aos 204 km/h. Era rápido. É rápido hoje.

A caixa de velocidades era, obviamente, manual, portanto também não peca por aí.

Tudo isto, associado a uma plataforma que deu mais do que provas, forma um veículo realmente muito cool, que mesmo não sendo da minha "religião", era mais do que bem vindo à minha garagem... e à autoestrada... e às estradas nacionais... e às estradas secundárias... e às estradas de terra batida... e às bombas de gasolina.





Gonçalo Sampaio, no Vício dos Carros
Comments