Crónicas de um viciado
- Helder Teixeira
- 11 de mar. de 2015
- 3 min de leitura
Nesta semana dedicada à BMW, sinto-me na obrigação de regressar à série que melhor conheço e da qual já falei por aqui, a Série 5.
Quando optei por falar de um BMW no Vício pela primeira vez, escolhi aquele que considero ser o melhor de sempre, não só o melhor BMW de sempre, mas também o melhor carro de sempre, graças à sua nobre configuração, o E39 M5. E isto vindo de um tipo que tem tatuado no corpo parte do símbolo de uma marca de carros italiana, é um elogio enorme, acreditem.
De qualquer forma, hoje não serei tão específico, o carro do qual vou falar não é um modelo M, é a inteira geração que deu origem ao primeiro M5 oficial: o E28.

Reza a lenda que uma vez foram proferidas por mim as palavras: "Era o único BMW pelo qual eu trocava o 156", mas existe a forte possibilidade que alguém me tivesse administrado um dardo com alguma substância psicotrópica que me fizesse dizer coisas estranhas e meias verdades.
Independentemente desse episódio, o E28 é realmente um BMW pelo qual anseio, como alguém perdido no deserto anseia por uma Coca-Cola, arfando em sofrimento de cada vez que o pensamento deste carro me vem à cabeça.
É um carro porreiro, vá.
Uma das coisas que mais gosto neste carro é o facto de todas as suas versões serem interessantes aos meus olhos, até aqueles míseros 518 de 4 cilindros e 100 cavalos eram capazes de ser aceitáveis, porque este Série 5 era relativamente leve, em comparação aos mais recentes E34, E39 e subsequentes modelos. E nessa altura, a não ser que o carro se chamasse Renault 5 Turbo ou Renault 5 Turbo II, os pneus eram todos bastante estreitos, o que significa diversão. Montes de diversão.

Mas e então - pergunta o leitor, perplexo com a possível revelação que se avizinha - as versões a gasóleo?
Surpreendentemente, também não me importava nada de ter uma, porque este carro faz parte de uma elite de veículos ligeiros movidos a gasóleo que eu era capaz de comprar, por um motivo ou por outro. No caso do E28, a razão é simples, o 524td foi a berlina diesel mais rápida do mundo no seu tempo, com uns espectaculares 115 cavalos, dos quais cerca de 30 desapareciam sem o turbo, o que ajudou a tornar o 524d numa versão muito pouco popular. Portanto, sim, se formos meticulosos acerca disto, há uma versão que não me interessa mesmo nada neste carro, tirando pela possibilidade de substituir o seu motor por um 2.5 tds.

Mas agora falemos das versões que realmente me interessam, 528i para cima. Com injecção electrónica, como o nome indica, este poderoso 6 cilindros em linha já galopava com a força de 180 cavalos, o que continua a ser rápido para os padrões de 2015, mas diversas outras versões realmente potentes foram criadas pela marca de Munique.

Especial atenção para o M535i de 218cv, o M5 de 286cv e os modelos da Alpina, que já não é de Munique, mas que vem sempre parar à conversa.



O seu B9 3.5 debitava 245cv, a sua evolução B10 3.5 já contava com 260, e o B7 Turbo começou por trazer 300, mas evoluíu para os 320 cavalos de potência, o que sinceramente, já mexe com a minha libido.


Esta geração do Série 5, a segunda, foi realmente uma das mais brilhantes, e torna difícil o trabalho de um viciado na hora de escolher a sua preferida. Ou talvez as duas gerações que se seguiram sejam as verdadeiras culpadas, por também terem sido tão boas, mas segundo muitos, esta foi a mais pura, a que mais sensação transmite ao condutor, a que mais prazer de condução produz.
E isso, é o que a BMW ganha dinheiro a vender.


Gonçalo Sampaio, no Vício dos Carros.
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