Lendas do Paddock: Renault 11 Turbo Grupo N
- Helder Teixeira
- 3 de mar. de 2015
- 3 min de leitura
Hoje fui recordado de uma das minha primeiras recordações automobilisticas: Renault 11 Turbo. Pelo menos acho o do meu pai a dada altura foi Turbo, não sei bem pois era muito pequenino. Os planos para fazer uma crónica sobre o 205 T16 ficam para a semana, por tanto! Tem de ser assim, trocar as voltas ao meus inimigos, apanhá-los de surpresa!

Em particular gostava de falar sobre o Renault 11 Turbo especifico de Rally, Gr N e Gr A, foi um carro que passou despercebido, ali no meio do fantático R5 Turbo de motor central e do agilissímo Clio Williams, mas isso nao quer dizer que não fosse um carro fenomenal por seu devido mérito. Por isso a crónica devia de se chamar "Lendas da Assistência Técnica" ou "...da Classificativa" talvez "...do Parc Fermé" sei lá, decidam vocês. Paddock não há nos rallies.


Terminado o louco Grupo B a Renault fez o que toda a gente estava a fazer: procurou na sua gama de modelos o carro ideal para manter vivo o seu projecto de rallies, mantendo o sempre fiel Jean Ragnotti ao volante. A escolha recaiu sobre o 11 Turbo. Compacto, leve, com o robusto motor Cléon tipo C1J idêntico ao do 5 Turbo com um carburador Solex de magnésio de série e válvulas laterais (dai aquele matraquear sonoro tipico destes e dos R5 GT Turbo) era a base ideal para as sinuosas provas de nível nacional, mas nunca iria fazer a vida negra ao Integrale no Mundial... pois, isso é o que pensam.

O R11 Turbo não era um monstro devastador, mas sim uma base versátil. A própria Renault admitia não estar a fazer nada de especial sobre a mecanica deste quando confrontada com os excelentes resultados que obtia. A potência começou nos 180cv, trepando até aos 220cv no fim de carreira.

Apesar do excelente chassis, com uma suspensão sempre em desenvolvimento que o dotava de excelente agilidade e motricidade à saida das curvas para um tracção dianteira, o R11 Turbo, tal como o R5 GT Turbo "normal" padecia de uma tendência natural para a subviragem, por mais que o Ragnotti e os seus malabarismos fizessem para fazer creer o público nas classificativas de que seria talvez um tracção traseira!


Foi este pequeno poço de virtudes, talvez manchada por alguma ocasional falha mecanica, um verdadeiro coupé de competição que ganhou titulos um pouco por toda a Europa em Grupo N, Portugal incluido e que no Mundial fez o brilharete de em 1987 na Corsega, com a Lancia a alinhar todos os seus expert de asfalto (Bruno Saby, Miki Biasion e Yves Loubet em Deltas Integrales aligeirados, o R11 Turbo venceu classificativas em andamento puro aos Integrale e ao E30 M3 de Bernard Beguin que acabaria por ganhar a prova. Foi esse o ponto alto deste aguerrido coupé, que brilhou na mão de muitos, e no nosso País nas mãos do saudoso Inverno Amaral.


É provávelmente o único carro de rally que nunca vi com cores de competição feias, é lindo desde o tradicional branco, amarelo e preto, até ao azul, vermelho e branco do fim de carreira, semelhante ao R5 Turbo do Campeonato Francês de SuperTurismos, passando pelas variantes dos representantes locais em cada país.
Se famoso não ficou, pelo menos manteve a linhagem viva dos Renaults de rally estilo matagigantes, que dura até hoje com os Clio R3, Megane RS e Twingo, sempre a bombar travão de mão e sobrevirar que nem Escorts MK2...
Rúben Teixeira, no Vicio de Carros

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