Ícones do nosso tempo - Ferrari F40

Como habitualmente para começar a semana no Vicio dos Carros começamos por falar em carros que ficaram para a historia automobilística, portanto nesta semana dedicada aos super carros italianos era quase um sacrilégio não começar pelo

cavalinho que mais paredes ocupou sob forma de poster na nossa infância, um carro tão audaz que não usa sequer puxadores de portas no interior, uma corda basta. Um carro pensado para andar muito depressa e ponto, falo do Ferrari F40, o mais icónico super italiano de sempre.

Desenhado pela Pininfarina, pela mãos de Leonardo Fioravante, foi o carro que celebrou os 40 anos da Ferrari, foi também o ultimo a ser aprovado pessoalmente pelo grande Enzo Ferrari. O F40 da Ferrari tornou-se um dos carros icónicos dos últimos 30 anos, foi o antecessor dos super carros modernos com o uso extensivo de fibra de carbono para manter o peso baixo e motor turbo, mas também era da velha escola sem controle de tração, controle de estabilidade e sem nenhum dispositivo de controle a não ser o kit de unhas do piloto.

No que toca ao estilo digamos que e o carro mais facilmente identificável por qualquer apaixonado pela marca de Maranello, todos nos já vimos e revimos todas as linhas e pormenores deste Ferrari, e mais importante ainda todos nos pensamos magnifico de cada vez que somos afortunados pela presença desta obra de arte da Ferrari.

É sem sombra de duvida um carro fantástico e intemporal, e um daqueles carros que parados parecem ir a trezentos, tal é a sua fluidez de linhas, perfeitamente complementadas por uma postura agressiva, ameaçadora, uma postura de predador a espera da próxima presa, é na minha opinião um dos mais bem conseguidos super carros de todos os tempos. Quando o F40 foi anunciado em meados de 1987 o seu corpo projetado tirou o fôlego a todos, era um carro que parecia ser um modelo de corrida, mas que era totalmente legal e poderia ser conduzido para a todo lado.

O styling radical era todo novo, assim como os seus materiais de construção. As linhas fluem através de um conjunto eclético de entradas de arrefecimento e condutas de admissão até a traseira, com o seu vidro panorâmico sob a qual estava o o motor, e sem esquecer a colossal asa traseira característica do F40 e que representou a melhor declaração de poder do anos 80.

O público adorou, filas de clientes formadas, com livro de cheques na mão, para se juntar à lista de espera, apesar Ferrari se ter recusado a dizer exatamente quantos seriam construídos e em que período. Foi tão radical, tão rápido e tão cobiçado, que as pessoas queriam, e eles queriam-lo agora!

A construção seguiu os princípios da Ferrari, chassi tubular de aço, agora com uma secção dianteira progressivamente deformável para atender a crescente legislação em todo o mundo. A premissa geral era semelhante ao do GTO, no entanto, havia cintas de reforço adicionais, e os elementos que a compõem foram colados à estrutura do chassi com um adesivo especial para proporcionar ainda mais força.

O F40 foi o primeiro carro de produção em série a utilizar principalmente materiais compósitos para seus painéis de carroçaria, que totalizaram apenas onze peças, devido a grande frente de unidade única e traseira.

As rodas de cinco raios Speedline foram as escolhidas. Eram ligados por uma única porca a um centrador Rudge, e tinham 8J x 17 " de diâmetro na parte da frente, e 10J x 17" de diâmetro na parte traseira. Estas grandes jantes cobriam travoes de disco perfurados e ventilado com circuitos hidráulicos duplos, sem assistência de servo.

O motor montado no meio era uma unidade V8 de 90 graus montado longitudinalmente, tal como nos GTO evoluzione. No entanto o trabalho de desenvolvimento em modelos "evoluzione" nos modelos intercalares viu um pequeno aumento da capacidade, uma taxa de compressão ligeiramente superior de 7,7: 1, um aumento na pressão de turbo, e numerosas outras modificações que resultou num aumento significativo na potência e binário. A capacidade cúbica total foi de 2936cc, era um V8 com quatro válvulas por cilindro, a lubrificação era feita por cárter seco e tinha uns impressionantes turbocompressores IHI arrefecido por agua que

alimentavam a admissão através de um par de intercoolers Behr com 1,1 bar de pressão. A injeção de combustível ficava a cargo de um sistema de injeção de Weber-Marelli, e estes esforços combinados resultaram numa potência de 478 meninos as 7000 rpm, uma besta cuspidora de fogo e o que este motor era...

O interior era restringido ao extremo, com um par baquets cobertas por pano vermelhos e para além do revestimento do tecto, o revestimento do tablier, e o tapete de borracha do condutor, não havia nenhum revestimento interior, apenas simples superfícies pintadas de material compósito.

Não há vidros elétricos, apenas um elevador manual simples no painel da porta interior nas versões mais recentes, nos mais antigos eram uns pequenos vidros plásticos, a abertura da porta era um fio que passava pelo interior nu da porta. Ao motorista era fornecido também um volante preto acetinado, de três raios, e pedais de alumínio perfurados. Tudo isto para acentuar o apelo da estrada, e completar a imagem de carro de corridas para a estrada...

E foi esta a imagem que este carro nos deixou era uma mean machine italiana capaz de provocar viscerais sensações de tremor na área dos joelhos, era sexo sobre rodas, era tudo aquilo que qualquer entusiasta podia querer, e era acima de tudo um carro capaz de nos fazer sonhar a todos, e e por isso que eu o considero o mais icónico super carro do pais da bota de sempre.

Helder Teixeira, no Vicio dos Carros

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