Lamborghinis de Competição
- Helder Teixeira
- 9 de fev. de 2015
- 4 min de leitura

Lamborghini de Competição. Algo que não se ouve muito. Nos últimos anos tem vindo a mudar, mas durante muitos anos a marca evitou entrar directamente em competição, respeitando a ideologia do seu criador, Feruccio Lamborghini, de que a competição era uma distração, apesar de ter contratado os melhores engenheiros de competição que havia no mercado na altura de fundar a sua marca.
O V12 original, concebido por Giotto Bizarrini e que equipou todos os super desportivos da marca até o Aventador ser lançado, foi originalmente projectado com 1.5litros para competir na F1, com duas árvores de cames à cabeça operando 2 válvulas por cilindro e com a admissão a entrar entre as cames. Dai foi fabricado com 3.5litros, até crescer aos 8 e 9 litros de cilindrada nas corridas de offshore de motonaútica. Será sempre este motor o coração que irá movimentar todas as excursões às pistas feita pela marca do Touro até ao século XXI e o Gallardo. Desde o seu nascimento até chegar às pistas, irão passar 20 anos, já com uns colossais 5.7litros e 4 válvulas por cilindro. Digo isto excluindo os motores de F1, para não complicar a nossa "prosa" de hoje.
COUNTACH E OS PRIMEIROS PASSOS.



A Lamborghini sabia que o seu V12 tinha potencial. Bizarrini chegou a ser pago por cada cavalo que o motor de estrada fizesse acima do que o V12 equivalente da rival Ferrari, por isso o pedigree estava lá. Durante muitos anos desenvolveu-o para as já citadas corridas de barcos de offshore, mas nunca por conta própria, sempre deixando que privados tomassem conta do resto.
E foi assim mesmo que decidiu proceder quando alguém lhe batia à porta para competir. O primeiro a o fazer foi o importador britanico da Lamborghini, que originalmente queria preparar o Countach para o Grupo B, mas como nessa altura ele vendia-se mal, não tinham números suficientes para homologação.
Sendo assim viraram-se para o Grupo C. Com o motor escolhido, a caixa a tradicional Hewland, faltava o parceiro para o chassis, e a escolhida foi a Spice, que já dominava relativamente bem o jogo na endurance, com bons resultados. O resultado foi o Countach QVX (QuattroValvole eXperimental). Apesar de uma boa dupla de pilotos, e com 650 a 700 cv de potencia, a falta de dinheiro limitou o desenvolvimento, e depois de algumas provas com resultados mediocres em 1986, o projecto foi abaixo.
Teria-se de esperar até 1994 até haver um Lamborghini numa competição de relevo. Nasceu o JGTC e o Japanese Lamborghini Owners Club (JLOC) decide inscrever um Countach 25th Anniversary. O motor é desenvolvido desde os 455cv de origem até aos 550cv, atráves de modificaçoes extensas à admissão, escape, cabeça e refrigeração. Recebe jantes de 18 polegada de modo a albergar travões maiores, nova dianteira com extrator de ar no capot e asa de competição ajustável atrás e um profundo emagrecimento, vidros, fibras, etc... Algo que originalmente não passava de um capricho de um clube de entusiastas nunca iria ter grandes resultados com um carro com já 20 anos, mas marcou o começo de um programa de competição que iria acordar a Lamborghini.


DIABLO E A EXPERIMENTAÇÃO

Na segunda parte da década de 90, a Lamborghini olha para o interesse que há em correr com os seus modelos, e o renascer das corridas de GT, e decide apostar mais na competição.

O primeiro passo é o Diablo SV-R, o "Carrera Cup" da Lamborghini, pois foi com este modelo que a marca decidiu copiar a Porsche e a Ferrari e ter um troféu monomarca para os seus clientes. Motor com cames variáveis debitava 540cv, travões Brembo e suspensão Koni fazem com que o carro apesar de dificil de conduzir um pequeno sucesso à escala da Lamborghini, com pelo menos 28 unidades construidas.
Com este primeiro passo dado, a Lamborghini tanto a solo, como com parcerias desenvolveu várias versões de competição do Diablo: SE Corsa/Jota, GT2, GT2 2002, GTR, e finalmente o GT1.





A última evolução, o GT1, com carroçaria alongada para melhor aerodinamica, a pedido da JLOC, que depois de ter melhorado os seus resultados com um SE Corsa, decidiu ter um carro à sua especificação. As potencias já ultrapassavam os 600cv, e o chassis evoluia, deixando de ser um carro de estrada adaptado à pista, para ser um puro carro de corrida.


MURCIELAGO E ACEITAR A COMPETIÇÃO.
No século XXI há uma reorganização das corridas de GT1, e muitas marcas a decidirem apostar a sério na categoria, e a Lamborghini embarca no mesmo comboio, com a Ferrari, Porsche, Corvette, Maserati entre outros já a bordo. Como parceira escolhe a Reiter uma pequena firma, mas com imenso talento e capacidades. Assim nasce o R-GT.
1100kg para 600cv. Aerodinamica tratada, chassis bem desenvolvido. O resultado é que é o primeiro Lamborghini a obter uma vitória à geral numa grande prova da FIA. Mas apesar do bom resultado, a Lamborghini não investe o que é necessário para lutar pelo dominio da categoria, muito em parte porque já faz parte do Grupo VW, onde há mais marcas a lutar nas mesmas categorias. Um carro que tinha tudo para ser um vencedor é relegado para o esquecimento, e a Lamborghini decide apostar no Gallardo, e servir-se dele para troféus monomarca para ricos brincarem aos pópos...



FUTURO?
A nao ser que haja um novo regulamento a surgir, e o mercado mudar, dificilmente a Lamborghini vai apostar na competição. Dentro do grupo VW há a Porsche e o Audi R8, que representam um volume de vendas maiores e por isso, precisam de mais marketing. Mesmo que volte à competição, será agora com o Huracan e o seu V10 Honda (Mmmm... será que me enganei? Talvez não... Explico um dia destes)
BONUS EXTRA: LM002

O "Rambo-Lambo" também competiu! Usando motores de especificação de 4 valvulas e 455cv a 600cv, os pesos variavam entre uns colossais 2.7 a 3.2 toneladas carregados com combustivel e "tralha" (!) mas apesar disso obtia 180 a 200 km/h em prova, com consumos de 68litros aos 100km... E vocês ainda acham os Hummers e os Cayennes rijos...

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