Crónicas de um Viciado
- Helder Teixeira
- 4 de fev. de 2015
- 2 min de leitura
O carro do qual vou falar hoje é aquele tipo de carro que nós, europeus snobes com o rei na barriga, gostamos de criticar porque os interiores isto e os consumos aquilo, mas que se arrancarem com um bocadinho de pressa ao nosso lado num semáforo, nos dão uma tareia humilhante.
É um carro feito única e exclusivamente com performance em mente, anda rápido em linhas rectas e anda rápido em curvas, mas como muita gente acha que sabe conduzir, sem fazer a mínima ideia do que é saber conduzir (bem ao estilo aqui do je), inventa histórias e cria fábulas fascinantes sobre este tipo de carros não conseguir curvar.
Naturalmente, estou a falar de um Muscle Car norte-americano, mais especificamente, do Ford Mustang.

Mas não do Mustang no geral, se estivesse aqui a falar do Mustang, enquanto modelo da Ford, não estaria a escrever uma crónica, mas sim um livro. Nada disso, hoje vou falar do SVT Cobra de 2003 e 2004, também conhecido como "Terminator".

Um fã de Mustangs poderá questionar-se com legitimidade acerca do porquê de eu falar do SVT Cobra "normal" e não do mítico SVT Cobra R de 2000, mas um especialista compreenderá à partida o interesse por esse carro, dessas particulares datas. Essencialmente, o Cobra R de 2000 é uma edição demasiado rara para o comum entusiasta conseguir alcançar com facilidade, com apenas 300 unidades produzidas (menos 100 do que o Ferrari Enzo), torna-se quase tão apetecível e valioso como um Shelby GT-500 de 1967. Já o Cobra de 2003/04 foi produzido em grandes números, sendo actualmente um veículo muito acessível nos Estados Unidos da América e no Canadá, e ainda chega a ser ligeiramente mais potente do que o Cobra R, graças ao enorme supercharger que se esconde debaixo do seu capôt.


Disponível em Coupé ou Cabrio, este Mustang, tão gentilmente apelidado de "Terminator", trazia 390 cavalos (sem contar com o da grelha), acelerava dos 0 aos 100 em 4 segundos e meio, até parar nos 250 km/h electronicamente limitados. A potência vinha de um V8 com bloco em ferro fundido de 4600cc acoplado a um supercharger Eaton M112 Roots e chegava às rodas traseiras através de uma caixa manual de 6 velocidades.

Exteriormente, as suas jantes de 17 polegadas e o seu body kit eram bastante distintos daqueles do Mustang normal e todas as entradas de ar tinham o seu propósito. A paleta de cores também vinha com pinturas exclusivas para este modelo.

Apesar de ainda viver um pouco ofuscado pelo sucesso incomparável da geração seguinte do Mustang, este carro continua a representar tudo o que um desportivo deve ser: rápido, puro, simples, belo e divertido. É um sonho de 4 rodas e eu não quero acordar dele.
Adoro este carro.




Gonçalo Sampaio, no Vício dos Carros
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