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Lendas do Paddock: Porsche 909 Bergspyder

  • Foto do escritor: Helder Teixeira
    Helder Teixeira
  • 3 de fev. de 2015
  • 4 min de leitura

Houve de iniçio, muita indecisão sobre qual carro escrever esta semana. Padeço de um bloqueio de escritor latente. Se não escrevo sobre algo que me motive, não escrevo.

Começei a desfilar na minha cabeça todos os carros de competição que adoro e que tenham algo de interessante a contar. Há um muito popular, mas que teve uma vida competitiva tão grande que terá de ser resumido com mais calma, outro necessita de mais investigação. Outro, de tempo ao escrever. A lista começa a reduzir até que me lembro de um... o Porsche 909 Bergspyder.

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"O Porsche Novecentos e Quê de Onde?" perguntam vocês.

Muito pouco saberam a que carro me refiro. Conhecem o 904, 906, 908 e 910 (Porra pá, podia ter escrito sobre estes, era mais fácil! Pronto, o erro está feito...) Mas onde se encaixa este 909?

Encaixa-se no Campeonato Europeu de Montanha, na segunda metade da década de 60. Na altura era palco de luta não entre privados como hoje em dia, mas entre as grandes marcas, como a Ferrari e a Porsche. Na altura os carros utilizados eram variantes de especificação de Montanha dos já mencionados 906/8/10, até que a Ferrari anuncia um protótipo especifico para subir às nuvens, o 212E.

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A Porsche entra em frenezim. Na altura o departamento de competição de Zuffenhausen era liderado por Ferdinand Piech, neto de Ferdinand Porsche, responsável pelo 917 e 956 e posteriormente CEO da VW moderna, um homem persistente e determinado (mégalomano e tecnocrata, digo eu) que impõem um novo projecto de resposta ao ataque transalpino.

A ideologia do projecto centra-se na redução drástica de peso, onde nada é deixado ao acaso. O chassis é feito de aluminio, era reduzido ao minimo estrutural, sem consideração pela segurança dos pilotos, para além do que o regulamento da época indicava. O resultado é que o piloto sentava-se com os pés para lá do eixo dianteiro, como foi práctica Porsche durante muitos anos, até que foram forçados a colocar os pés dos pilotos dentro da linha de eixo dianteiro, com o 962, já nos anos 80.

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O motor era feito de magnésio e aluminio, refrigerado a ar claro, com 8 cilindros, dupla árvore de cames em cada cabeça, alimentadas através da cambota a meio do motor, tal como no 917 e tinha uma cilindrada de 2.0 litros, o limite da categoria. Embora diferente, foi desenvolvido paralelamente ao motor de F1 da mesma época, que viria a dar a primeira vitória da Porsche na Formula 1 com o Dan Gurney. Este motor que demorava umas incriveis 220horas a ser fabricado devido ao enorme nível de detalhe da sua construção, originalmente era alimentado por 4 carburadores Weber que resultava em 210 cavalos. Na sua última evolução já dispunha de injecção mecanica o que resultava em 275 cavalos.

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Parece pouco? Bem deixem-me chegar ao que torna este carro fascinante: ele só pesava 385kg. Pensem bem nesse número: 385kg é metade do peso de um AX GTI com a potência de um Mazda RX7, já com óleo e gasolina... Isso dá uma relação peso/potência que só nos últimos anos é que as melhores superbikes de 1litro conseguiram bater a seco... Isto dava para 0-100km/h em 2.4 segundos. Nos anos 60. Com uns Pirelli Cinturato ou algo assim do género. Agora, pensem.

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Além do já mencionado chassis, a carroçaria de fibra de vidro só pesava 10kg, a suspensão era de aluminio e titanio, incluindo as molas. Os discos de travão era de Berilio, um material tão nocivo que até na F1 foi banido. Aço era estritamente proibido, ao ponto de haver a lenda que Piech verificava o carro com um iman, a tentar descobrir algum parafuso de metal ferroso...

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Um carro tão leve, pequeno e potente, é regra geral manhoso, por isso o 909 nunca fez uma época completa enquanto competiu, com muitos pilotos a preferirem o mais convencional 910, já de si só com 435kg, mas de comportamento mais dócil. Mas com ambos a Porsche dominou o campeonato de montanha sobre a Ferrari em 1968, que ainda não tinha lançado o tão temido 212E.

Mas o titulo não veio sem tragédia, pois nessa época a Porsche perde o seu primeiro piloto oficial, Lodovico Scarfiotti, quando este perde controlo do seu 909 e este sai fora de estrada.

Sentindo que já tinha provado o que tinha a provar e com esta morte a assombrar o programa de montanha, a Porsche retira-se oficialmente para se concentrar no 917, e deixa o caminho livre à Ferrari e o seu já lançado 212E Montagna dominar por completo em 1969.

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Normalmente diz-se que a chama que arde mais forte, arde mais depressa, mas o 909, devido à sua especificidade e pequena presença aos olhos do Mundo, nunca teve o crédito que merecia, em especial junto dos seus outros irmãos de competição da Porsche, que ganharam em palcos maiores.

Mas muito do que foi criado, foi eventualmente para a outros modelos de competição e foi um exercicio de pensamento menos ortodoxo na busca por performance. Só por isto, merece um desbloqueio de escrita criativa...

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