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Crónicas de um Viciado

  • Gonçalo Sampaio
  • 28 de jan. de 2015
  • 3 min de leitura

Ao longo destas últimas semanas tenho escrito muito sobre carros absolutamente fantásticos, mas normalmente carros que não tenho o prazer de conduzir diariamente, ou de todo.

Hoje decidi quebrar a tendência e falar de uma máquina que conheço tão bem como a palma da minha mão, que se tornou numa extensão do meu corpo, mais do que um veículo. É uma companheira fiel, é linda, sensual e estou-me a referir a ela no feminino porque a trato por Bella. O resto do mundo, com a excepção de quem a conhece como eu conheço, trata-a por 156.

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Desde muito cedo me apaixonei pela Alfa Romeo, da mesma forma que me apaixonei por muscle cars, citadinos franceses ou pick ups, mas conforme estudei a sua história, apercebi-me de como era diferente das outras marcas. Para melhor.

Isto quer dizer que aqueles preconceitos que alguns continuam a querer manter vivos nunca tiveram sorte comigo, sempre desrespeitei essas certezas e conselhos com muita vontade e orgulho, nada nem ninguém se mete entre mim e a minha crença, a minha paixão. Mas também tive sorte com o primeiro Alfa que me chegou às mãos, para um puto recém encartado cujo primeiro carro foi um Honda Civic EK, talvez ter ido logo para os clássicos a carburadores (como o 75 que tenho agora) fosse um pouco precipitado, portanto o 156 serviu-me que nem uma luva. E que luva essa, o volante em madeira fez-me logo sentir um gentleman racer, mas um gentleman com Hip Hop português e one hit wonders dos anos 80 a berrar nas colunas, a assapar pela VCI e pelas ruas do Porto como um doente, a ultrapassar carros por cima de passeios e a fazer saltos com as 4 rodas no ar em passagens de nível. Nunca abrandei em lombas ou fiz grandes esforços para me desviar de buracos, mas o carro aguentou tudo e, sem brincadeiras, nunca fez um único barulho parasita. Como sempre fui um teso do pior, o carro andava com óleo da Norauto, nunca lhe mudei velas nem correia de distribuição, cheguei a andar com um filtro de ar caseiro e mesmo assim dava 200 com gasolina 95. Uma vez dei voltas com ele num circuito de terra destinado a corridas stock car que foi deixado aberto numa zona do país que não vou dizer qual é. Estou a brincar, foi em Lousada. O meu abuso desse carro tornou bastante evidente o porquê de a polícia italiana o utilizar, o 156 é um tanque de guerra que anda como um desportivo e curva como se estivesse em carris, mas não parece um tanque, porque é um dos carros mais elegantes de sempre e, na opinião de muitos, o sedan mais belo de todos os tempos.

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De qualquer forma, se o meu testemunho não é o suficiente para provar a magnificência da Bella, o seu palmarés desportivo fala por si só. Entre 1998 e 2003 arrecadou todos os campeonatos de ETCC, conhecidos como Italian Super Touring Car Championship até 2000, quando o nome foi alterado. O 156 foi Hexacampeão, coisa que nem os clubes de futebol portugueses chegam a ser.

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E falando em clubes de futebol, debaixo do meu tecto somos todos do mesmo, portanto nunca existe aquela rivalidade de ver um jogo com alguém que torce pela equipa adversária, mas quando estavam a dar as corridas na Eurosport, eu fazia questão de chamar o meu pai, homem sensato, fã de BMW's, para ver o baile que estes levavam do Alfinha vermelho. Isto deve ter surtido algum efeito, porque o carro dele actualmente é uma 156 Sportwagon. (Ok, talvez o facto de a minha mãe gostar da carrinha também tenha contribuído qualquer coisa.)

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Portanto aqui está, um Alfa Romeo que foi eleito carro do ano na Europa em 1998, juntamente com mais de 30 outros prémios, incluindo o de motor do ano para o seu 2.5 V6, com 6 títulos de Superturismos, fiável como um martelo, lindo de morrer, usado pela polícia e até como táxi em vários países, com motores a gasolina e gasóleo para todos os gostos, desde o 1.6 e o 1.8 Twin Spark de 120 e 144 cavalos, respectivamente (cujo 1.8 se situa abaixo dos 1750cc, pagando um imposto mais reduzido em Portugal e Itália), até ao 3.2 V6 do GTA, com 250 cavalos, passando pelos JTD. E meu Deus, aquela suspensão... O 156 pode ser um veículo de tracção dianteira, mas não se comporta de forma desajeitada, é aguçado, ágil e seguro de si, transmite aquela sensação de desportivismo.

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Muito sinceramente, é um Alfa para toda a gente, quer se seja Alfista ou não, porque apesar de toda a emoção que sentimos ao conduzi-lo, no fim do dia, é simplesmente uma escolha sensata.

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Gonçalo Sampaio, no Vício dos Carros


 
 
 

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