Cronicas de um viciado

Como já devem ter reparado, aqui no Vício dos Carros temos um certo carinho por carros italianos, não é mentira nenhuma quando se diz que têm alma, que têm espírito próprio. São feitos de maneira diferente, com o objectivo de nos seduzir, são rápidos e divertidos de conduzir, mas acima de tudo, fazem-nos sentir bem.

Isto quer dizer que por aqui, a Lancia é uma das nossas heroínas, e é precisamente de um carro super-herói que vos vou falar hoje, o Lancia Thema.

E porquê apelidar este carro de super-herói? Bem, primeiro, ele é parte do Quarteto Fantástico, constituído por ele, pelo Alfa Romeo 164, o Saab 9000 e o Fiat Croma, que partilhavam todos a mesma plataforma.

E eram mesmo próximos dos heróis da Marvel, porque o Lancia se conseguia esticar, o Saab era resistente como pedra, o Alfa podia, numa eventualidade, pegar fogo e o Croma era um bocado o invisível do grupo.

E sim, o Thema podia-se literalmente esticar.

Mas nem só de piadas fáceis se faz um carro super-herói, e não é de ânimo leve que estou a colocar aqui o Thema como o líder do grupo, é que apesar de todos estes automóveis terem sido brilhantes à sua maneira, o Lancia foi o único a receber uma versão carrinha e um motor V8, cortesia de uma pequena empresa ali dos lados de Maranello.

Enquanto o sedan foi desenhado pela Italdesign de Giugiaro, a Station Wagon veio dos estiradoes da Pininfarina.

E se a palavra Maranello vos suscitou alguma curiosidade no meio desta conversa, sim, essa empresa foi a Ferrari.

Não foi a primeira vez que os cavalinos rampantes do estábulo de Enzo foram cedidos à Lancia, já que o Stratos abrira o precedente, mas desta vez, o motor em questão veio com mais dois cilindros e era montado por uma outra empresa italiana, a Ducati. O resultado desta colaboração foi tão glorioso como louco, uma berlina de tracção dianteira com um motor atmosférico de 8 cilindros em V, com 32 válvulas e 215 cv debaixo do pé direito. E um spoiler traseiro eléctrico.

Mas as outras motorizações do Thema não eram exactamente meigas em comparação, uma das mais populares era o mesmo 2.0 Turbo que equipava o Integrale que debitava desde 165 cavalos nas versões de 8 válvulas até 205 nas de 16. Pelo meio também existiram alguns V6, inicialmente de origem Peugeot, Renault e Volvo (o PRV), que mais tarde viriam a ser substituídos pelo Busso V6 da Alfa Romeo, na versão de 3 litros.

Mesmo as versões a gasóleo não eram completamente inúteis, mas não são propriamente essas que nos fazem recordar o carro.

Também chegou a ser equipado com uma caixa automática de 4 velocidades no lugar da manual de 5, mas, mais uma vez, ninguém quer saber. No interior havia essencialmente duas opções: Lindo ou Mais Lindo.

E basicamente é isto. Agora vocês perguntam-me: "Mas então ó Gonçalo, tu conduzes um Lancia Thema?"

Ao que eu respondo: "Não, porque mesmo assim gosto mais do tal que pega fogo.

No entanto, se fosse uma pessoa sensata, sim, teria um Thema e não tinha de me chatear muito com outros carros, porque este cumpre mesmo muitos requisitos."

E como sou um tipo porreiro, vou-vos deixar aqui mais umas fotos do carro.

Gonçalo Sampaio, no Vício dos Carros

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